Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 757-2 | ||||
Resumo:Introdução: Pacientes hospitalizados no período da pandemia de COVID-19 foram, frequentemente, acometidos por infecções hospitalares secundárias, levando ao uso intensivo de antimicrobianos. Klebsiella pneumoniae é um bacilo gram-negativo que se destacou no período pandêmico entre os patógenos do trato respiratório secundário à infecção pelo Sars-Cov-2. Trata-se de um microrganismo com prioridade crítica para o desenvolvimento de novos antimicrobianos, devido à resistência aos carbapenêmicos e, mais recentemente, às polimixinas. Objetivos: Considerando o desafio da terapia antimicrobiana no contexto da pandemia de COVID-19 nosso objetivo foi descrever os dados clínicos e demográficos dos pacientes com infecções por Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos e polimixina B (KP-RCB) no segundo ano da pandemia. Material e métodos: Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo dos dados demográficos e clínicos de 170 pacientes internados em 17 UTIs diferentes com cultura positiva para KP-RCB em um hospital estadual no Espírito Santo, de janeiro de 2021 a fevereiro de 2022. Os dados foram obtidos através do sistema MV 2000i após aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFES (no 5.035.652). Resultados e discussão: Quase 52% dos pacientes foram do gênero masculino com mediana de idade de 68 anos (20-92 anos). As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial (58%) e diabetes mellitus (32%). Os diagnósticos de entrada no hospital mais frequentes foram síndrome do desconforto respiratório agudo (62,3%) e COVID-19 (14,1%). Coinfecção bacteriana ou fúngica foi detectada em 59,4% dos pacientes com predomínio de Candida spp. (28%) e Acinetobacter baumannii (16%). O número de patógenos por paciente variou de 2 a 7 durante o período de internação. A mediana do número de antimicrobianos por paciente foi de seis, (variando de dois a 11). Os antibacterianos mais prescritos foram meropenem (71,7%), vancomicina (68,2%), Ceftriaxona (45,9%) , Amicacina (44,1%), e polimixina B (42,9%). Dentre os antifúngicos destacaram-se o fluconazol (11,7%) e a micafungina (10,5%). A média de tempo de internação na UTI foi de 36 dias e 56,6% dos pacientes vieram a óbito. Os dados são preliminares e carecem de análises estatísticas, que considerem as comorbidades e a gravidade do paciente na admissão hospitalar. Conclusão: Os pacientes com infecção por KP-RCB no período pandêmico apresentaram elevados índices de coinfecção por patógenos fúngicos e bacterianos o que acarretou em terapia polimicrobiana com até 11 compostos por pacientes e em elevada taxa de mortalidade.
Palavras-chave: Klebsiella pneumoniae, COVID-19, resistência, carbapenêmicos, coinfecção Agência de fomento:SESA; ICEPi, CAPES, FAPES |