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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 685-1

685-1

INVESTIGAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR MICOTOXINAS EM ALIMENTOS PARA BEBÊ À BASE DE CEREAIS NO BRASIL

Autores:
Naiara Hennig Neuenfeldt (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Patrícia Ponce Giomo (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Patrícia Aparecida de Campos Braga (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Adriana Pavesi Arisseto Bragotto (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Liliana de Oliveira Rocha (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS)

Resumo:
Os alimentos destinados aos bebês são compostos por uma combinação de ingredientes, entre eles cereais, que podem ser afetados por diversas micotoxinas. As micotoxinas mais comuns relatadas nesses alimentos são as aflatoxinas B1 e B2 (AFB1, AFB2), a ocratoxina A (OTA), as toxinas T2 - HT2, a deoxinivalenol (DON) e a zearalenona (ZEN). Este estudo teve como objetivo avaliar a presença e os níveis de AFB1, AFB2, DON e suas formas acetiladas (3-ADON, 15-ADON) e ZEN em alimentos para bebês no Brasil, devido à falta de informações suficientes sobre micotoxinas nesses produtos. O estudo envolveu a aquisição de 60 amostras de alimentos para bebês à base de cereais no Brasil. Essas amostras foram submetidas a uma extração usando a técnica QuEChERS e, em seguida, foram analisadas utilizando HPLC-MS/MS. A presença de micotoxinas foi observada em 98,3% das amostras analisadas, sendo que 80% delas apresentaram a coocorrência de mais de uma micotoxina. As mais comuns foram DON (80%), 15-ADON (71,7%), 3-ADON (65%) e ZEN (56,7%); apenas três amostras (5%) foram contaminadas com AFB1, e nenhuma com AFB2. As concentrações máximas encontradas foram de 75,6 µg/kg para DON, 18,9 µg/kg para ZEN, 9,6 µg/kg para 15-ADON, 3,5 µg/kg para AFB1 e 2,8 µg/kg para 3-ADON. Os alimentos para bebês à base de multicereais e os alimentos à base de trigo e aveia apresentaram os níveis mais elevados de micotoxinas, assim como a maioria dos tipos de micotoxinas investigadas. Embora a ocorrência de AFB1 tenha sido baixa, uma amostra apresentou uma concentração de 3,5 µg/kg, que excedeu os limites estabelecidos pela Comissão Europeia e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (0,1 µg/kg e 1,0 µg/kg). No entanto, as demais amostras estavam dentro dos limites estabelecidos pelas autoridades governamentais. Cerca de 41,67% dos alimentos para bebês à base de cereais apresentaram a coocorrência de três ou quatro micotoxinas, sendo a combinação mais comum DON, 3-ADON, 15-ADON e ZEN, representando 35,42% das amostras. As micotoxinas produzidas por certas espécies de Fusarium podem infectar diversos grãos, como trigo, aveia, arroz, milho, cevada e outros, tanto no campo como durante o armazenamento. Mesmo com os processos atuais de moagem e cozimento, nem todas as micotoxinas são eliminadas de forma efetiva, resultando na presença frequente destas em cereais e outros produtos à base de grãos. A presença de AFB1 em alimentos à base de multicereais indica que esses alimentos são os principais contribuintes para a exposição à aflatoxina. Considerando que as aflatoxinas são carcinogênicas e genotóxicas, torna-se evidente a importância do monitoramento regular de alimentos para bebês, a fim de garantir sua segurança e proteger a saúde dos bebês, que são mais vulneráveis aos efeitos tóxicos das micotoxinas. Apesar de a maioria das amostras apresentar baixos níveis de micotoxinas, é fundamental ressaltar a alta coocorrência desses contaminantes, o que sugere a necessidade de conduzir mais estudos que considerem interações sinérgicas tóxicas.

Palavras-chave:
 cereais infantis, coocorrência, metabólitos secundários tóxicos, multicereais


Agência de fomento:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP