| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 617-1 | ||||
Resumo:Hepatite é um termo que significa inflamação do fígado, sendo que entre as diversas causas destaca-se a hepatite viral B, considerada grave problema de saúde pública no Brasil, em especial na região amazônica e em particular para as populações afrodescendentes, por conta do escasso ou nenhum conhecimento sobre as hepatites, formas de transmissão e prevenção; evolução de doença aguda a crônica e de complicações por cirrose, fibrose e carcinoma hepatocelular. O vírus da hepatite B (VHB) tem o homem como o reservatório de maior importância epidemiológica e sua transmissão pode ocorrer por via parenteral, contato sexual e de mãe para filho, na transmissão vertical. Entre as estratégias utilizadas para o controle da hepatite B, a vacinação é considerada a principal medida de prevenção contra a infecção pelo VHB. O objetivo da pesquisa foi identificar a prevalência da infecção e a situação imunológica para o VHB em população afrodescendente localizada na região Nordeste do estado do Pará, Brasil. A pesquisa aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, desenvolveu estudo descritivo, de corte transversal entre os anos de 2020 e 2022 que avaliou amostras de soro e dados epidemiológicos de afrodescendentes das comunidades Santo Estevão, São Rosário e Sítio Itaussu, do município de Acará, Pará, Brasil, armazenados no biorrepositório da Seção de Hepatologia/Instituto Evandro Chagas/SVSA/MS. Nessas amostras foram testados os marcadores sorológicos HBsAg, anti-HBc total e anti-HBs, nas amostras anti-HBc isolado reagentes ou inconclusivas foram testados os marcadores HBeAg, anti-HBe e anti-HBc IgM, por ensaio imunoenzimático (ELISA) utilizando kits comerciais dos laboratórios Dia.Pro® (Milão, Itália), seguindo as recomendações dos fabricantes. Entre as 318 amostras avaliadas 50,9% (162/318) eram do sexo feminino; com média de idade de 25,3± 18,9 anos (variando de 8 meses a 97 anos) e mediana de 20 anos. A maior e a menor frequência de amostras foram encontradas na faixa etária 10 a 19 anos (84/318, 26,5%) e entre os menores de 1 ano de idade (1/318, 0,3%), respectivamente. Não foram encontrados resultados reagentes para o HBsAg significando ausência de portadores do VHB; 0,6% (2/318) eram anti-HBc/anti-HBs reagentes, indicando infecção pregressa pelo VHB; 0,6% (2/318) anti-HBc reagente isolado, significando infecção recente ou pregressa pelo VHB; 26,7% (85/318) anti-HBs reagente isolado, indicativo de imunidade obtida por vacina, estando suscetíveis ao VHB 72% (229/318) das amostras avaliadas. Os aspectos analisados permitiram evidenciar que a infecção pelo VHB, era de baixa endemicidade, nas três comunidades e que a baixa imunidade vacinal ao VHB encontrada estava muito abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 90% nos adultos e de 95% nas crianças, mostrando a necessidade de ampliar a cobertura vacinal, para melhorar o status de imunidade ao vírus, reduzindo assim o risco de transmissão da infecção nessas populações. A presença de um elevado número de suscetíveis, ou seja, indivíduos que não foram infectados e não receberam a vacina hepatite B, determina que sejam efetivadas nessas comunidades medidas de promoção e prevenção, como o incremento do PNI e de levar o diagnóstico das hepatites virais o mais próximo das populações afrodescendentes conforme consta na Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030. Palavras-chave: Hepatite B, Prevenção, Quilombola, Soroprevalência, Vacina Agência de fomento:Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Instituto Evandro Chagas. | |||||