Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 611-1 | ||||
Resumo:A resistência aos antimicrobianos é um fenômeno emergente e cada vez mais preocupante, tornando-se uma das maiores problemáticas em saúde pública. Esta é caracterizada pela capacidade de um microorganismo de resistir ao efeito de um fármaco que outrora era eficaz. As principais consequências disto são: redução da eficácia clínica dos antimicrobianos, aumento de mortalidade em infecções e aumento do custo de tratamento destas. A Escherichia coli é um microrganismo de grande interesse neste tópico, pois contribui para disseminação desses genes no pool genético das enterobactérias, devido a capacidade de atuar como receptora e doadora destes. Foram selecionadas 54 Escherichia coli de origem canina, coletadas a partir de swab retal, pertencentes ao banco de germoplasma do Laboratório de Microbiologia Médica Veterinária da Universidade de Brasília. Essas amostras foram avaliadas morfologicamente e bioquimicamente, e testadas quanto à susceptibilidade aos antimicrobianos beta-lactâmicos e aminoglicosídeos. O teste foi realizado segundo o Método de Kirby-Bauer, segundo as recomendações do BrCast®, utilizando discos impregnados com antimicrobianos, a saber: Amicacina (30 μg), Amoxicilina (10 μg), Amoxicilina com Clavulanato (30 μg), Ampicilina (10 μg), Ampicilina associada com Sulbactam (20 μg), Aztreonam (30 μg), Cefalexina (30 μg), Cefepime (30 μg), Ceftazidima (30 μg), Ceftriaxona (30 μg), Enrofloxacina (5 μg), Gentamicina (10 μg), Imipenem (10 μg), Meropenem (10 μg), Sulfonamidas (300 μg), Sulfazotrim (300 μg), Tetraciclina (30 μg), Tobramicina (10 μg). Em relação aos beta-lactâmicos, observou-se os seguintes percentuais de resistência: Amoxicilina (32%, n = 16), Amoxicilina associada ao Ácido Clavulânico (28%, n = 15), Ampicilina (32%, n = 17), Ampicilina associada ao Sulbactam (19%, n = 10), Cefalexina (94%, n = 50), Ceftriaxona (51%, n = 27), Ceftazidima (43%, n = 23), Cefepime (62%, n = 33), Meropenem (38%, n = 20), Imipenem (34%, n = 18) e Aztreonam (42%, n = 21). No tocante aos Aminoglicosídeos, observou-se: Gentamicina (89%, n = 47), e Tobramicina (94%, n = 50). Ademais, referente às quinolonas, sulfonamidas e tetraciclinas, pode-se observar: Enrofloxacina (21%, n = 11); Sulfonamidas (96%, n = 4); Sulfazotrim (47%, n = 25); e Tetraciclina (92%, n = 49). Foi observado um percentual de resistência elevado às cefalosporinas, de modo que, há um comprometimento na eficácia clínica desta classe. Deste modo, com exceção da Ceftazidima, os microrganismos apresentaram um percentual de resistência superior a 50%. Visto isso, as cefalosporinas de terceira e quarta geração, os monobactams e carbapenêmicos apresentaram resultados preocupantes, a despeito de seu amplo espectro de ação e a sua eficácia frente a microrganismos produtores de beta-lactamases, sugerindo, assim, a existência de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL), cefalosporinases AmpC ou carbapenemases. O percentual de resistência aos aminoglicosídeos, tetraciclinas e sulfonamidas demonstram a perda de eficácia clínica das moléculas nessa população bacteriana, com exceção do Sulfametoxazol associado com Trimetoprima, que apresentou maior susceptibilidade. Ademais, as penicilinas simples e associações com inibidoresde beta-lactamases e a Enrofloxacina apresentaram os menores percentuais de resistência Palavras-chave: Antimicrobianos, Canina, Escherichia coli, Resistência, Veterinário Agência de fomento:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico |