Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 579-1 | ||||
Resumo:As mudanças climáticas globais e a necessidade crescente por fontes renováveis de energia vêm despertando cada vez mais o interesse pelo desenvolvimento de combustíveis de fontes energéticas acessíveis e sustentáveis para disponibilização no mercado industrial. Um dos biocombustíveis em pauta é o bioetanol de segunda geração, produzido a partir do reaproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar do etanol de primeira geração e outros materiais lignocelulósicos de descarte agrícola. Os principais desafios para a indústria de bioetanol estão relacionados a obtenção economicamente viável de enzimas com alto rendimento. Neste contexto, foi realizado o isolamento de fungos filamentosos de solo com material lignocelulósico objetivando a produção das enzimas Lacase (Lcc), Celulase, Lignina peroxidase (LiP), Manganês Peroxidase (MnP) e Xilanase, com finalidade de aplicação na indústria do bioetanol. O procedimento de isolamento consistiu em plaqueamento de diluições seriadas (10-1, 10-2 e 10-3) de fragmentos do material celulósico triturados que foram coletados no Refúgio Biológico de Foz do Iguaçu. Alíquotas das diluições foram inoculadas em meio de cultivo BDA 0,5% com carboximetilcelulose 2% (CMC). Após o isolamento os fungos passaram por um processo de triagem para produção de enzimas Celulolíticas, em meio sólido com CMC e Vermelho congo como revelador da atividade enzimática, bem como para produção de Lacase em meios de cultivo sólido contendo Guaiacol como revelador. Após as triagens, os fungos filamentosos selecionados foram submetidos a ensaios em meio de cultivo líquido, para a verificação da produção de Lacc, Celulase, LiP, MnP e Xilanase. Dos 40 micro-organismos testados em meio de cultivo sólido, 14 fungos filamentosos foram capazes de produzir Celulase e dois produziram Lcc, sendo SC6,3 capaz de produzir ambas as enzimas. Dos nove fungos filamentosos submetidos aos ensaios enzimáticos em meio de cultivo líquido, a linhagem Aspergillus sp. BR14, demonstrou atividade enzimática para MnP, Celulase, Xilanase e LiP de 716,97 U/mL, 11,17 U/mL, 13,51 U/mL e 4.465,94 U/mL, respectivamente. Aspergillus sp. BR19 apresentou consideráveis atividades de Lacase (19,21 U/mL) e MnP (1130,60 U/mL) frente aos demais isolados. O isolado não identificado SC6.3 foi capaz de produzir uma quantidade de Xilanase de 64,24 U/mL, superando os demais isolados testados frente ao substrato da xilana. Os resultados demonstram um alto potencial de aplicabilidade destes isolados produtores destas enzimas, aproximando-se de resultados anteriores, os quais necessitaram de melhoramento genético para gerar alto rendimento enzimático. A hidrólise enzimática da biomassa lignocelulósica por fungos filamentosos recuperados de fontes alternativas pode ser considerada uma estratégia crucial, pois oferece variabilidade e maiores rendimentos enzimáticos sem a necessidade de melhoramento genético microbiano, podendo viabilizar a produção de bioetanol de segunda geração Palavras-chave: Enzimas hidrolíticas, Bioetanol, solo em decomposição, sustentabilidade, biocombustíveis Agência de fomento:Fundação Araucária/CAPES |