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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 567-1

567-1

ATIVIDADE DE CEFTOLOZANE-TAZOBACTAM CONTRA PSEUDOMONAS AERUGINOSA E ENTEROBACTERALES ISOLADOS DE INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA EM PACIENTES ONCO-HEMATOLÓGICOS ENTRE 2019 E 2022.

Autores:
Wellington Felipe Costa (IMPG - CCS/UFRJ - Instituto de Microbiologia Paulo de Goés ) ; Renata Cristina Picão (IMPG - CCS/UFRJ - Instituto de Microbiologia Paulo de Goés ) ; Victoria de Oliveira Costa (IMPG - CCS/UFRJ - Instituto de Microbiologia Paulo de Goés ) ; Marcia Garnica (CCS/UFRJ - Faculdade de Medicina, CHN - Complexo hospitalar de Niterói)

Resumo:
Ceftolozane-tazobactam (C/T), a associação de uma cefalosporina de quinta geração com um inibidor de beta-lactamase, é atualmente considerada o tratamento de escolha contra infecções por Pseudomonas aeruginosa resistentes a múltiplas drogas (MDR), além de demonstrar estabilidade in vitro frente à ação da maior parte das betalactamases de espectro estendido (ESBL) produzidas por enterobactérias. Essa característica faz de C/T uma alternativa interessante para reduzir o uso de carbapenemas. Pacientes onco-hematológicos com frequência apresentam infecções da corrente sanguínea (ICS), sendo as enterobactérias e P. aeruginosa os principais agentes etiológicos. Os riscos de infecções nesta população são elevados, principalmente devido aos regimes intensivos de quimioterapia, uso extensivo de imunossupressores e frequência elevada de exposição a antibióticos. Como consequência, a frequência de bactérias produtoras de ESBL é elevada e associada a piores desfechos. Entretanto, não existem estudos no Brasil que busquem avaliar a eficácia de C/T nesta população. O objetivo do estudo foi descrever a susceptibilidade a C/T em P. aeruginosa e enterobactérias isolados de infecções de corrente sanguínea em pacientes onco-hematológicos (unidade de transplantes) em um hospital privado do Rio de Janeiro, entre agosto de 2019 e dezembro de 2022, e comparar com amostras de outras unidades. Foram testadas 1760 bactérias de pacientes internados em Unidades Clínicas (884), CTIs (632), Unidades pediátricas (167) e na unidade de transplantes (75). Foram provenientes do trato respiratório (609), secreções (446), hemoculturas (435), urina (267) e outros (3). Entre essas, 899 pertenciam ao grupo Enterobacterales e 835 à espécie P. aeruginosa. C/T manteve atividade consistente contra os microrganismos testados, variando entre 86% e 100% de suscetibilidade no período estudado. Enterobacterales foi o mais frequente 82% (40% K. pneumoniae, 18% E. coli e 15% Enterobacter cloacae complex) entre os organismos resistentes a C/T, seguido por Pseudomonas spp. 12% (14), e Acinetobacter 4% (5). O setor hospitalar que apresentou os espécimes clínicos com maior taxa de sensibilidade a C/T foi a unidade pediátrica (98%, n=164), seguido pelas Unidades clínicas (93%, n=823), CTIs (93%, n=588) e transplantes (92%, n=69). Apenas 113 amostras foram testadas para a produção de ESBL, sendo 59% positivas. A suscetibilidade a C/T dentre os produtores e não produtores de ESBL foi 66% e 87%, respectivamente. A maior parte das amostras de pacientes da unidade de transplantes foi proveniente de hemoculturas (81%, n=61), em comparação a CTIs, Unidades pediátricas e Unidades clínicas em que a frequência foi de 19%, 16% e 26%, respectivamente. Ainda sobre a unidade de transplante, o principal grupo bacteriano identificado foi Enterobacterales (63%, n=47), seguido de Pseudomonas spp. (35%, n=26), entre as quais 85% do total desses isolados se mostraram sensíveis à C/T. Entre as amostras de ICS e resistentes a C/T isoladas de hemoculturas, 1,34% se mostraram resistentes a pelo dois dos carbapenemas, entre as quais houve predomínio da espécie K. pneumoniae. Os resultados apontam a eficácia de C/T para o tratamento de infecções graves em pacientes imunocomprometidos, e a necessidade de contínua vigilância para identificar a emergência da resistência.

Palavras-chave:
 Vigilância, Antimicrobianos, Infecção da corrente sanguínea


Agência de fomento:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Fundação Carlos Chagas Filho à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)