Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 495-1 | ||||
Resumo:Os usuários de drogas injetáveis são considerados como população de risco para a infecção pelos vírus das hepatites B (VHB) e C (VHC. Esses vírus tem demonstrado impacto na saúde global, levando a quadros agudos ou crônicos e a elevado risco de morte por cirrose e hepatocarcinoma. A transmissão ocorre pelas via horizontal pelo contato com sangue contaminado, uso de drogas injetáveis ou agulhas contaminadas, por transfusão sanguínea ou hemoderivados não testados, diálise, prática sexual sem proteção, tatuagem e piercing; e por transmissão vertical (mãe infectada para filho). O projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (Parecer de Aprovação Nº 4.909.590). O estudo objetivou determinar o perfil sorológico das hepatites B e C em internos de três unidades da Fazenda Esperança e da Comunidade Terapêutica Renovação, Pará, Brasil. O projeto Fazenda Esperança auxilia na reabilitação de pessoas de ambos os sexos, usuários de drogas lícitas e ilícitas, com unidades no Brasil e em países da Ásia, África, América e Europa A pesquisa desenvolvida entre 2020 a 2022 incluiu internados em centros de recuperação, em tratamento antidrogas ilícitas e/ou álcool, maiores de 18 anos, de ambos os sexos. Foi coletado cerca de oito mL de sangue de cada participante, para realização dos testes para diagnóstico do VHB (HBsAg, anti-HBc total, anti-HBs) e VHC (anti-VHC) por técnica de eletroquimio luminescência. Foram coletadas 180 amostras de sangue, 51 na Fazenda Esperança Nossa Senhora de Nazaré e 58 na Clínica de Terapêutica Renovação, ambas na Ilha do Mosqueiro; 30 na Fazenda da Esperança Dom Angelo Frozi, no município de Abaetetuba e 41 na Fazenda Esperança Dom Eliseu Maria Coroli, no município de Bragança. Do total coletado 83,3% (150/180) eram do sexo masculino; com média de idade de 38±11,8 anos (variação de 19 a 79 anos) e mediana de 37 anos; a menor frequência foi encontrada entre 18 a 19 anos de idade 2,8% (5/180) e a maior na faixa de 30 a 39 anos em 32,8%. Não foram detectadas amostras reagentes para o marcador sorológico HBsAg significando ausência de portadores do VHB; 6,1% eram anti-HBc/anti-HBs reagentes, indicando infecção pregressa pelo VHB; 2,8% eram anti-HBc reagente isolado, significando infecção recente ou pregressa pelo VHB; 19,4% eram anti-HBs isolado reagente, indicativo de imunidade obtida por vacina, estando suscetíveis ao VHB 71,7% dos participantes avaliados. Foi detectada prevalência de 0,6% (1/180), indivíduo do sexo masculino, 37 anos de idade, com sorologia anti-VHC reagente. Caracterizou-se essa população, em base laboratorial, como de baixa endemicidade para os VHB e VHC. A identificação de indivíduos anti-HBc/anti-HBs, anti-HBc isolado e anti-VHC reagentes caracterizou a circulação desses vírus nessa população. A pesquisa possibilitou conhecer o estado vacinal dos indivíduos em tratamento antidrogas e a aplicação de ações educativas, sobre vacinação contra o VHB para os internos e responsáveis pelas casas de tratamento, percebendo-se a necessidade de ações mais concretas e mais rígidas, como a cobrança do comprovante de vacinação no ingresso às casas, objetivando o cumprimento do esquema vacinal contra a hepatite B. As informações obtidas poderão ser utilizadas no planejamento de ações de promoção e prevenção da saúde nessa população e na implementação de medidas de vigilância epidemiológica no distrito de Mosqueiro e nos municípios de Bragança e Abaetetuba. Palavras-chave: Hepatite B, Hepatite C, Dependentes químicos |