Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 477-1 | ||||
Resumo:A atrazina (ATZ) é um herbicida amplamente utilizado na agricultura para o controle de pragas e ervas daninha no cultivo do milho e da soja, porém possuí alta toxicidade aos organismos não alvo. O potencial de degradação de herbicidas como a ATZ por fungos é amplamente conhecido e quando associamos diferentes fungos no processo de biodegradação, formando um consórcio microbiano, o potencial de tratamento é acentuado, resultando em bioaumentação e bioestimulação para o solo. Mas, poucos estudos avaliaram a aplicabilidade prática da biodegradação no sistema agrícola. Neste sentido, o uso do carvão ativado (obtido através de material vegetal pirolisado) mostrou interessantes resultados como adsorvente e condicionador do solo, e por possuir uma estrutura porosa pode ser usado como um eficiente suporte para micro-organismos nos processos de biorremediação do solo (denominado carvão ativado biologicamente ativo, CAB). O objetivo desse trabalho foi avaliar a associação de um consórcio fúngico na superfície do carvão ativado permitindo maior estabilidade microbiológica para biorremediação do solo agrícola contaminado com ATZ. Os fungos estudados, Clonostachys rosea CCMIBA_R018, Purpureocillium lilacinum CCMIBA_R014, e Bjerkandera sp. CCMIBA_R111 foram selecionados em estudos prévios do grupo após análises de inexistência de antagonismos e potencial de degradação da ATZ. Para elaboração do consórcio um estudo introdutório foi realizado previamente no presente trabalho a partir da curva de crescimento dos fungos em diferentes meios de cultura para obtenção das melhores condições de pré-inóculo do bioinoculante. Diferentes métodos de imobilização foram realizados, e os melhores resultados foram obtidos quando os fungos foram inoculados separadamente com 5 g do carvão ativado em meio de cultura por dez dias sob agitação à 28º C, então, para elaboração do bioinoculante, esses inóculos foram adicionados em 15 g de carvão ativado esterilizado contendo 3 mL de água peptonada e tamponada e incubados na estufa por 21 dias. O bioinoculante foi avaliado quanto a degradação da ATZ em microcosmos (triplicata) com solo agrícola nas seguintes condições: E1 (solo agrícola autoclavado, 10 mg/kg ATZ e bioinoculante); EC1 (solo agrícola autoclavado e 10 mg/kg ATZ); E2 (solo agrícola não estéril, 10 mg/kg ATZ e bioinoculante); EC2 (solo agrícola não estéril e 10 mg/kg ATZ). Os microcosmos foram incubados por 24 dias em casa de vegetação com temperatura e luminosidade controladas. A concentração da ATZ dos microcosmos foi avaliada por HPLC-MS/MS antes da incubação (T1) e após 24 dias (T2). Devido ao comportamento da ATZ, sua adsorção ao solo aumentou em função do tempo de contado com a matriz solo, consequentemente, comparando o T1 e T2 de cada microcosmo não houve redução de sua concentração. No entanto, comparando aos ensaios controle, sem o bioinoculante, com os ensaios que continham o bioinoculante, a concentração de ATZ no T2 foi menor: E1 apresentou 51 % menos ATZ do que EC1 e E2 apresentou 195 % menos ATZ do que EC2. Pode-se concluir que a não esterilização do solo (E2), condição similar ao natural, não impediu a diminuição da concentração de ATZ, permitindo inclusive, um processo de sintrofia do bioinoculante com a microbiota do solo. Assim, a obtenção do consórcio fúngico foi confirmada e seu potencial como bioinoculante avaliado, permitindo inclusive uma informação relevante em relação ao impacto da biota natural durante a biorremediação. Palavras-chave: atrazina, biorremediação, consórcio fúngico, solo agrícola , biochar Agência de fomento:PRPPG-Unila |