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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 448-1

448-1

Caracterização molecular de cepas optquina resistente de Streptococcus pneumoniae. Implicações no diagnóstico laboratorial.

Autores:
Ana Carolina Carvalho de Oliveira (INCQS - INSTITUTO NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE) ; Ivano Raffaele Victorio de Filippis Capasso (INCQS - INSTITUTO NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE)

Resumo:
Streptococcus pneumoniae, ou pneumococo é uma bactéria coco Gram positiva, que pode ser encontrada na nasofaringe de seres humano. Ela é responsável por grande número de casos de pneumonia em todo o mundo, além de causar doenças como otite média e aguda, sinusite e até mesmo meningite e septicemia. Pode ser classificado em mais de 100 sorotipos, cuja distribuição varia de acordo com a região geográfica. O tratamento e profilaxia são realizados através de antibioticoterapia utilizando os antimicrobianos das classes: β-lactâmicos, quinolonas e macrolídeos. Para a identificação a optoquina é um antibiótico que pode ser utilizado em laboratório através da determinação da susceptibilidade, pois é esperado que cepas de pneumococo sejam sensíveis ao mesmo. O mecanismo de ação da optoquina é interferência do metabolismo bacteriano, agindo na enzima ATPase. Estudos mostram que cepas resistentes à optoquina (Opt R ) ocorrem por efeito de mutações nas subunidades do gene atpC que codifica a enzima ATPase, alvo do antimicrobiano. O projeto teve como objetivo identificar cepas de pneumococo isoladas de material clínico, avaliar o uso do teste de optoquina para identificação, caracterizá-las quanto ao perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos, e sua possível associação a clones hipervirulentos pela análise de MLST. Foram avaliadas 211 cepas isoladas de diferentes estados durante o período pré e pós vacinal, 2006 a 2021. Os isolados previamente identificados como pneumococo foram submetidos ao teste de optoquina e PCR para confirmação da espécie. As cepas foram submetidas ao TSA por disco - difusão e CIM. Das 211 cepas testadas, 35 apresentaram resistência a pelo menos uma classe dos antibióticos testados, dessas 35 somente 1 apresentou resistência a três classes distintas, sendo classificada como MDR, no entanto essa cepa não foi resistente a optoquina. A resistência aos outros antibióticos foi confirmada através do CIM, sendo maior resistência a tetraciclina (8%) seguida por eritromicina (6,1%), penicilina (5,7%), levofloxacina (1,9%) e cloranfenicol (0,9%). Do total de amostras (211), 24 foram OptR. Essas cepas foram submetidas ao sequenciamento do gene da enzima ATPase, onde foram constatadas mutações no gene atpC que podem estar envolvidas no fenótipo Opt R. A determinação da susceptibilidade à optoquina é um método de baixo custo, rápido e muito utilizado para a identificação do patógeno, por isso é utilizado amplamente em laboratórios de análises clínicas públicos e privados, entretanto, o aumento do número de cepas Opt R demonstra a baixa confiabilidade no teste e a necessidade de uma investigação criteriosa. Além do aumento de cepas OptR, o aumento da resistência aos demais antimicrobianos demonstra a real necessidade do desenvolvimento de medidas de controle e identificação mais criteriosas, a fim de prover ao paciente um tratamento eficaz e evitar o surgimento de novas cepas multirresistentes.

Palavras-chave:
 Streptococcus pneumoniae, Resistência antimicrobiana, Optoquina


Agência de fomento:
CAPES