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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 357-2

357-2

DETECÇÃO DE Mycoplasma spp., Escherichia coli e Enterococcus spp. EM AVES MARINHAS DE VIDA LIVRE NO LITORAL DO BRASIL

Autores:
Samara Gomes Brito (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Thomas Salles Dias (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Juliana Alves da Silva (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Leandro dos Santos Machado (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Virginia Léo de Almeida Pereira (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Nathalie Costa da Cunha (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Aloysio de Mello Figueiredo Cerqueira (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Maria Lúcia Barreto (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Felipe Piedade Gonçalves Neves (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo:
Doenças infecciosas em animais selvagens podem levar à morte de indivíduos, reduzindo a diversidade genética, representando grande risco para espécies em perigo de extinção. Dentre as doenças bacterianas com grande potencial patogênico em aves selvagens, destacam-se os micoplasmas, Escherichia coli e Enterococcus spp. O caráter oportunista dessas bactérias pode ocasionar enfermidades em aves imunossuprimidas, favorecer infecções secundárias, comprometer a vida selvagem e a humana, bem como na indústria avícola. O objetivo deste estudo foi investigar a presença de Mycoplasma spp., E. coli e Enterococcus spp. e avaliar a resistência antimicrobiana de cepas de E. coli. Amostras de swabs de traqueia e de cloaca de 50 aves marinhas, provenientes de resgate por três centros de conservação e reabilitação de animais marinhos, localizados no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo foram coletadas. As amostras de traqueia e cloaca foram submetidas ao cultivo para micoplasma, e os isolados identificados pela PCR. Amostras de 47 cloacas foram submetidas ao cultivo para E. coli e Enterococcus spp. Das colônias isoladas, foram selecionadas até cinco colônias características de E. coli e Enterococcus spp. para identificação pelo Maldi -Tof. As cepas de E. coli foram submetidas a triagem em placas de ágar MacConkey enriquecido com ceftriaxona, ágar MacConkey com ciprofloxacina, ágar cromogênico ESBL e ágar cromogênico KPC. Das cepas resistentes à triagem, foi selecionada uma cepa por animal, com maior perfil de resistência. Estas cepas foram submetidas ao teste de sensibilidade à 16 antimicrobianos, utilizados na clínica humana e veterinária. O teste foi realizado por difusão em disco, conforme CLSI. Ao isolamento, 36% das aves (18/50) foram positivas para micoplasmas, enquanto na PCR, 56% (28/50) o foram para Mycoplasma spp.. Na PCR especifica, M. gallisepticum foi detectado em 17,8% (5/28) e M. meleagridis, em 17,8% (5/28). Ambas as espécies foram detectadas em 14,3% (4/28) das aves. Das nove espécies de aves estudadas, quatro apresentaram micoplasmas ao isolamento (pinguim de Magalhães, atobá pardo, gaivotão e biguá) e cinco a PCR (pinguim de Magalhães, fragata, atobá pardo, atobá grande e biguá). Em 85,1% (40/47) das amostras de cloaca foram isoladas colônias sugestivas de E. coli. Destas, 185 foram caracterizadas como E. coli nos testes bioquímicos e confirmadas no Maldi Tof. A triagem identificou perfil de resistência em 109 cepas, sendo selecionadas 40 cepas para o teste de sensibilidade. A maioria, 92,5% (37/40) apresentou resistência a pelo menos um antimicrobiano e 50% (20/40) exibiram perfil de multirresistência a até seis classes de antimicrobianos. Das 182 (84,6%) cepas confirmadas como Enterococcus spp., a mais encontrada foi E. faecalis (n=144), a menos encontrada a foi E. avium (n=1) e E. casseliflavus (n=1). E. faecalis foi detectado em todas as espécies de aves estudadas. E. faecium, E. gallinarum foram identificados nos pinguins de Magalhães e em fragatas, E. hirae em pinguins de Magalhães, atobás pardo e biguás; E. avium foi identificado em um pinguim de Magalhães, E. casseliflavus foi identificado apenas no biguá. Os micoplasmas estavam presentes na maioria das espécies de aves estudadas, ocorrendo em maior proporção em Atobá Pardo do que em fragatas. Além disso, aves marinhas e migratórias são colonizadas por cepas multirresistentes de E. coli e por diversas espécies de Enterococcus spp., e podem atuar na sua disseminação.

Palavras-chave:
 Aves marinhas, Mycoplasma spp., Escherichia coli, Enterococcus spp., PCR