Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 315-1 | ||||
Resumo:A resistência aos antimicrobianos é um grande desafio na produção animal, pois devido ao seu uso indiscriminado as bactérias têm se tornado cada vez mais resistentes, colocando em risco a eficácia terapêutica antimicrobiana. Consequentemente, oferece perigo para a saúde pública, visto que, tal resistência aos antimicrobianos pode ser transmitida para o ser humano através dos alimentos, como por exemplo, da carne suína. À vista disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o perfil de resistência antimicrobiana em Escherichia coli isoladas de cortes cárneos (CC) e superfície de esteira transportadora de corte (ET) em um abatedouro frigorífico de suíno localizado em Uberlândia-MG. Isolados oriundos de amostras de CC (n=16) e ET (n=11), obtidos em estudo prévio, foram submetidos ao teste de difusão em disco (método de Kirby-Bauer) para avaliação de perfil fenotípico de resistência antimicrobiana, utilizando os antimicrobianos: gentamicina – GEN (10µg), cloranfenicol - CLO (30 µg), imipenem – IPM (10 µg), ceftiofur – CTF (30 µg), ciprofloxacino – CIP (5 µg), sulfametoxazol + trimetoprima – SUT (23,75/1,25 µg), azitromicina – AZI (15 µg), aztreonam – ATM (30 µg), amoxicilina – AMO (10 µg) e tetraciclina – TET (30 µg). Para confirmação de isolados Beta-lactamase de Espectro Estendido (ESBL) foi realizado o teste de disco-difusão duplo, utilizando quatro antimicrobianos: amoxicilina com ácido clavulânico (20/10 µg), cefotaxima (30 µg), ceftiazidima (30 µg) e cefepima (30 µg). Observou-se que 96,3% (26/27) dos isolados foram resistentes à AMO, seguido de 77,8% (21/27) de resistência ao CLO, 55,6% (15/27) ao CIP e 40,7% (11/27) à TET sendo um alerta para saúde pública, visto que esses fármacos são comumente utilizados na medicina humana e animal. A alta taxa de resistência aos antimicrobianos é um desafio no tratamento de infecções causadas por cepas resistentes. A menor taxa de resistência descrita foi à azitromicina (11,1%) (3/27) e todos os isolados foram sensíveis ao imipenem. Foi possível traçar 19 perfis de resistência, e entre eles, quatro foram resistentes a seis classes antimicrobianas diferentes: perfil 1 (dois isolados oriundos da ET); perfil 2 (um isolado de CC); perfil 3 (um isolado de CC) e perfil 4 (um isolado da ET). Ademais, o padrão de resistência do perfil 13 (AMO-CLO-CIP) foi comum em 15 isolados (perfis 1-8, e 10). Dentre os 27 isolados de E. coli, 22 (81,48%) foram resistentes a pelo menos três classes antimicrobianas, sendo classificados como multidrogas resistentes (MDR). Esse fato é preocupante, visto que cepas MDR dificultam o tratamento de infecções. Quanto à produção de enzima ESBL, cinco isolados (18,52%), sendo 1 de ET e 5 de CC, foram positivos para produção dessa enzima. O consumo de alimentos contaminados com E. coli produtoras de ESBL pode colonizar o intestino humano e favorecer a disseminação e transferência de genes de resistência entre as bactérias, além de facilitar o desenvolvimento de cepas MDR. Portanto, este estudo revelou alta frequência de isolados de E. coli MDR e baixa frequência de bactérias produtoras de enzima ESBL obtidos em ambiente de desossa de um abatedouro frigorífico em Uberlândia-MG. Esses resultados servem de alerta para a saúde pública, tornando necessário a adoção de medidas que reduzam o uso indiscriminado de antimicrobianos na produção animal.
Palavras-chave: alimentos, carne suína, multirresistência, saúde pública Agência de fomento:CNPq |