Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 296-1 | ||||
Resumo:Contaminações por petróleo são ameaças sérias ao meio ambiente e à saúde humana. Em 2019, um vazamento afetou a costa nordeste do Brasil, incluindo a cidade de Ilhéus, Bahia. Diante desse cenário preocupante, a busca por soluções eficientes para a descontaminação de ambientes afetados por borras oleosas tornou-se uma prioridade. Para combater a contaminação por petróleo, a biorremediação tem se mostrado uma abordagem promissora, destacando-se o uso inovador de biossurfactantes. Um trabalho de pesquisa desenvolvido no laboratório de Biotecnologia Microbiana (LABMI) teve como objetivo identificar e selecionar microrganismos capazes de atuar na biorremediação de ambientes contaminados por borras oleosas. Para isso, foram coletadas borras oleosas e solo da Mata Atlântica, para compor os microcosmos em frascos de vidro estéreis. Os microcosmos foram organizados em diferentes grupos: dois controles e três tratamentos, onde o Controle 1 consistia apenas em solo; Controle 2 em solo mais borra oleosa de petróleo; Tratamento 1 solo + ureia + petróleo; Tratamento 2 solo + borra + consórcio microbiano e o Tratamento 3 Solo + ureia + petróleo + consórcio microbiano (microrganismos hidrocarbonoclásticos do LABMI). Durante um período de 21 dias, foi realizada uma diluição seriada de cada microcosmo para a contagem microbiana, utilizando a técnica de drop plate em meio agar diesel para quantificação dos microrganismos hidrocarbonoclásticos e um meio rico contendo extrato de levedura e glicose para a contagem dos heterotróficos totais. Os resultados indicaram que a ureia teve um efeito positivo na estimulação do crescimento microbiano, enquanto a presença do consórcio microbiano favoreceu a degradação do petróleo, reforçando a importância de sua utilização na biorremediação. Além disso, o estudo buscou identificar microrganismos produtores de biossurfactantes, cuja atividade é crucial para o sucesso da técnica. Para isso, foram realizados testes de colapso da gota, emulsificação e espalhamento de óleo. Dentre os aproximadamente 130 microrganismos isolados e testados, todos apresentaram algum tipo de atividade surfactante, mas apenas 15 tiveram um resultado positivo em todos os testes de produção de biossurfactante. Dessas cepas, duas apresentaram um alto rendimento na produção de biossurfactantes. Esses resultados são promissores e sugerem que a biorremediação através de biossurfactantes pode ser uma alternativa eficiente e sustentável para a remediação de áreas contaminadas por petróleo. A utilização de microrganismos selecionados a partir de consórcios naturais, como o presente no solo da Mata Atlântica, mostra-se uma estratégia inteligente para otimizar o processo de biorremediação. Além disso, o desenvolvimento de microrganismos capazes de produzir biossurfactantes em grande quantidade é de extrema relevância, pois isso permitirá uma atuação mais eficaz na remoção dos poluentes. Portanto, os avanços alcançados por esse estudo podem representar um importante passo no processo de descontaminação por petróleo e na preservação do meio ambiente. A aplicação prática desses microrganismos e biossurfactantes em ambientes contaminados pode contribuir para minimizar os impactos negativos do derramamento de petróleo e proteger ecossistemas vulneráveis. Ademais, novas pesquisas e investimentos nesse campo são fundamentais para aprimorar ainda mais as técnicas de biorremediação e fortalecer a proteção do meio ambiente e biodiversidade para as gerações futuras. Palavras-chave: petróleo, biossurfactante, microrganismos, microcosmos Agência de fomento:FAPESB |