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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 256-2

256-2

ENTEROBACTÉRIAS PRODUTORAS DE β-LACTAMASES DE ESPECTRO ESTENDIDO (ESBL) E MULTIRRESISTENTES (MDR) ISOLADAS DE PASSERIFORMES DE RINHA

Autores:
Lara Sofia Treis (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Eleine Kuroki Anzai (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Poliana Bagio (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Sofia Simas Mantovaneli (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Lucas Curbani Goettmann (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Eduarda Butschardt (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Camila Elen Correia (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Julio Cesar de Souza Junior (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Adil Salomão Martins (FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau) ; Nilton Lincopan (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:
Enterobactérias produtoras de β-lactamases de espectro estendido (ESBL) e multirresistentes (MDR) são prioridade crítica na busca de novas opções terapêuticas, o que as coloca como importante ameaça a saúde coletiva. Aves silvestres, sobretudo da ordem dos Passeriformes, podem representar reservatórios dessas cepas, o que é explicado pela relação mais próxima com seres humanos. A apreensão ilegal é um fator predisponente, uma vez que esses animais estão sujeitos a má condições sanitárias ou a atividades ilícitas como as rinhas. Logo, o objetivo deste estudo foi pesquisar cepas de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae ESBL e MDR em subespécies de Sicalis flaveola (canário-da-terra) apreendidos de rinha no ano de 2022, no município de Gaspar – SC. Foram selecionados 100 swabs fecais armazenados em meio AMIES com carvão ativado, os quais fazem parte da rotina de vigilância dos animais do Serviço de Atendimento de Animais Silvestres de Blumenau (SAASBlu), sob aprovação da Comissão de Ética de Uso Animal (CEUA/FURB), protocolo nº 001/22 e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC), protocolo 2021TR001931. As amostras foram submetidas a semeadura por esgotamento em ágar Hektoen e MacConkey, incluindo bases suplementadas com 2 µg/mL de ceftriaxona (CRO), identificação por meios bioquímicos e sensibilidade antimicrobiana por disco-difusão e fitas Etest (CRO 0,002-32 µg/mL). A produção de ESBL foi verificada pela formação de ghost zone no teste de disco aproximação. Em pesquisas de aves silvestres de tráfico ilegal no Brasil, E. coli foi a enterobactéria mais isolada de swabs cloacais e fecais, divergindo do que foi encontrado neste estudo (6/68). Acredita-se que o estado clínico desses animais tenha favorecido a maior aquisição de K. pneumoniae (31/68), a qual é considerada um patógeno oportunista e pode estar presente em aves imunossuprimidas e estressadas. Apenas cepas dessa espécie foram produtoras de ESBL (10/31), bem como não formaram halo de inibição no teste das MICs e apresentaram perfil MDR, principalmente para as tetracicilinas e sulfazotrim. Estes perfis foram detectados igualmente entre S. flaveola brasiliensis e S. flaveola flaveola, sendo a última uma subespécie exótica do Brasil. Cepas de E. coli foram resistentes a ampicilina principalmente, como observado por outros autores, embora mais de 80% eram sensíveis. Os achados são de importância para a saúde coletiva, uma vez que o canário-da-terra é frequentemente aprisionado da natureza, fato que compromete o controle sanitário destes animais, tal como estimula os distúrbios ecológicos, como a inserção de espécies animais exóticas e de patógenos resistentes, o que requer ações de vigilância, de protocolos de descontaminação e de conservação da biodiversidade.

Palavras-chave:
 Aves de cativeiro, Diversidade biológica, Enteropatógenos, Farmacorresistência


Agência de fomento:
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC)