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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 226-1

226-1

ATIVIDADE ANTIFÚNGICA E ANTIBIOFILME DE FLUOPSINA C PRODUZIDA POR Pseudomonas aeruginosa CEPA LV SOBRE Candida auris

Autores:
Lais Fernanda de Almeida Spoladori (UEL - Universidade Estadual de Londrina) ; Kelly Ishida (IMT-USP - Instituto de Medicina Tropical de São Paulo) ; Celso Vataru Nakamura (UEM - Universidade Estadual de Maringá) ; Galdino Andrade (UEL - Universidade Estadual de Londrina) ; Sueli Fumie Yamada Ogatta (UEL - Universidade Estadual de Londrina)

Resumo:
Introdução: Candida auris tem sido apontada como ameaça global à saúde humana, uma vez que está relacionada à infecções nosocomiais persistentes, com altas taxas de mortalidade, e à resistência a maioria dos antifúngicos comerciais. Diante desse cenário, é evidente a urgência de novas moléculas antifúngicas para o desenvolvimento de estratégias de controle de infecções causadas por C. auris. Espécies do gênero Pseudomonas são conhecidas por sua notável diversidade metabólica, e pela produção de uma gama de metabólitos secundários com atividade biológica de amplo espectro que lhe conferem vantagem seletiva em ambientes de competição microbiana. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de fluopsina C, obtida a partir do cultivo de P. aeruginosa cepa LV em presença de cobre, sobre células planctônicas e sésseis de C. auris. Metodologia: Os ensaios foram realizados com as cepas C. auris CBS 10913 e C. auris CBS 12766, sensível e resistente aos antifúngicos (fluconazol e anfotericina B), respectivamente. Inicialmente, foi determinada a concentração inibitória mínima (CIM) de fluopsina C pelo ensaio de microdiluição em caldo. Uma alíquota dos testes de microdiluição foi inoculada em ágar Sabourad dextrose (SD) para determinação da concentração fungicida mínima (CFM). A natureza e extensão do efeito antifúngico de fluopsina C sobre as células planctônicas foi avaliado pelo ensaio de curva de morte, em tempos específicos de incubação (na presença de CIM ou CFM) e, determinado pela redução na contagem de unidades formadoras de colônias (UFC). O efeito do metabólito bacteriano sobre o biofilme formado de C. auris foi avaliado pelo ensaio de redução de 3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide (MTT); e a CIM de fluopsina C capaz de inibir a viabilidade das células sésseis em 90% (SCIM90) foi determinada por regressão linear. As alterações estruturais das células planctônicas e do biofilme formado causadas por fluopsina C foram analisadas por microscopia eletrônica de transmissão (MET) e varredura (MEV), respectivamente. A toxicidade do metabólito sobre células epiteliais renais de Macaca mulatta (LLC-MK2) foi avaliado pelo ensaio de redução do MTT, sendo determinada a concentração citotóxica para 50% das células (CC50). Resultados: Fluopsina C apresentou atividade antifúngica sobre ambas as cepas de C. auris (CIM = 0,78 µg/mL e CFM = 1,56 µg/mL). Foi observado um efeito fungicida tempo- e dose-dependente do metabólito, onde nenhuma UFC foi detectada após 2 h de tratamento. Intensa desorganização citoplasmática, presença de múltiplos vacúolos e descolamento da membrana celular foram alterações observadas nas células planctônicas pós-tratamento, por MET. Fluopsina C também apresentou atividade antibiofilme, com redução de até 90% da atividade metabólica das células sésseis de C. auris CBS 10913 (SMIC90 = 12,5 µg/mL) e C. auris CBS 12766 (SMIC90 = 25 µg/mL). A MEV revelou uma redução na densidade celular do biofilme tratado. A CC50 para LLC-MK2 foi igual a 2,0 µg/mL. Conclusão: O presente trabalho relata pela primeira vez a atividade antifúngica in vitro de fluopsina C sobre células planctônicas e sésseis de C auris. Novos estudos devem ser considerados visando diminuir a toxicidade para células de mamíferos e avaliar o potencial do metabólito para o controle de infecções por este fungo.

Palavras-chave:
 biofilme, citotoxicidade, efeito fungicida, metabólito secundário, multirresistência


Agência de fomento:
CNPq; CAPES