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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 216-2

216-2

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA HANSENÍASE NO CEARÁ: UMA ANÁLISE DESCRITIVA E TRANSVERSAL NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA

Autores:
Francisco Iuri da Silva Martins (UNILAB - UNILAB) ; Ana Lydia Costa Franco (UNILAB - UNILAB) ; José Aurelio de Almeida Martins (UNILAB - UNILAB) ; Gabriel Alves Desiderio (UNILAB - UNILAB) ; Luanne Eugênia Nunes (UNILAB - UNILAB)

Resumo:
A hanseníase é uma patologia infecciosa crônica representada por uma condição clínica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, capaz de afetar principalmente os nervos periféricos, olhos e pele. Consiste em uma das doenças com maior potencial de casos no mundo, sendo considerada um problema de saúde pública global de grande magnitude. O presente estudo teve como objetivo descrever as características epidemiológicas dos casos novos de hanseníase no município de Fortaleza no período de 2019 a 2022. Trata-se de um estudo retrospectivo, quantitativo, descritivo e transversal baseado em dados obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), disponível por meio da plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Avaliou-se os seguintes indicadores: número de casos novos confirmados, município de notificação, sexo, raça, faixa etária, forma clínica notificada, avaliação de incapacidade notificada e lesões cutâneas. Os dados foram tabulados Microsoft Excel® 2019 e em seguida exportados para o pacote estatístico IBM - SPSS 22.0, no qual aplicou-se o teste de correlação de Spearman para verificar a associação e as significâncias entre os dados. Os resultados demonstraram que, de 2019 a 2022, 5049 casos novos foram notificados no referido estado. Destes, 37,5% foram notificados no município de Fortaleza e 21,9% apresentaram idade de 50 a 59 anos. Estratificando a partir do município e da referida faixa etária, notou-se que 425 casos novos foram notificados. Quanto ao sexo, percebeu-se que dos 425 casos novos, 58,8% (250) eram masculinos, pardos (69,6%), com da 1ª a 4ª série incompleta do ensino fundamental (12,5%). Quanto à forma clínica da doença, inferiu-se que em 170 casos novos (40%) houve uma apresentação dimorfa, com grau zero de incapacidade (39,3%), com 2 a 5 lesões (30,8%). O teste de correlação de Spearman demonstrou uma relação negativa e significativa entre sexo e forma clínica (p-valor = 0,046), sexo e grau de incapacidade (p-valor = 0,048), sexo e lesões (p-valor = 0,047), raça e forma clínica (p-valor = 0,049), raça e grau de incapacidade (p-valor = 0,047) e escolaridade e lesões (p-valor = 0,046). O teste mostrou também uma relação positiva e significativa entre raça e lesões (p-valor = 0,046), escolaridade e grau de incapacidade (p-valor = 0,046), forma clínica e grau de incapacidade (p-valor = 0,048), forma clínica e lesões (p-valor = 0,049) e grau de incapacidade e lesões (p-valor = 0,050). Dessa forma, os dados revelam uma alta incidência da doença, especialmente em homens pardos, na faixa etária de 50 a 59 anos. Os casos com grau zero de incapacidade e um número moderado de lesões também demonstraram complexidade da manifestação da doença. Além disso, as associações encontradas entre sexo, raça, forma clínica e grau de incapacidade destacam a necessidade de abordagens específicas para grupos vulneráveis. Essas constatações ressaltam a imprescindibilidade de implementar estratégias de prevenção e intervenção adequadas com vistas a controlar a ocorrência da hanseníase em Fortaleza e aprimorar a condição de saúde da população afetada.

Palavras-chave:
 Epidemiologia, Hanseníase, Mycobacterium leprae