Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 202-1 | ||||
Resumo:A ocorrência de fungos reduz a produtividade e prejudica a qualidade e segurança dos produtos agrícolas, resultando em perdas econômicas. Essa questão merece atenção especial ao se considerar que alguns fungos filamentosos podem produzir micotoxinas. Fungicidas sintéticos têm sido empregados como a principal providência para o controle de fungos no campo, incluindo os vinhedos. Embora o uso de fungicidas sintéticos seja reconhecido como uma estratégia convencional e eficaz, há uma necessidade constante de encontrar alternativas seguras para controlar a ocorrência de fungos devido à toxicidade dos resíduos de fungicidas sintéticos para a saúde e o meio ambiente. O desenvolvimento de uma população de fitopatógenos resistentes aos fungicidas convencionalmente empregados também reforça a busca por outras estratégias de controle fúngico. Como alternativa aos métodos tradicionais de controle fúngico, a aplicação de agentes biológicos tem merecido atenção por ser uma estratégia mais segura e ambientalmente correta, contribuindo ainda para a redução ou eliminação de fungicidas químicos. Entre as opções para serem utilizadas como agentes de controle biológico estão as bactérias do gênero Bacillus. Este estudo objetivou avaliar o potencial antifúngico de novas estirpes de Bacillus velezensis isoladas da região Amazônica e verificar o papel do uso destes biofungicidas na qualidade da uva e produtos derivados. Quatro estirpes de B. velezensis (P1, P7, P11 e P45) foram capazes de inibir o desenvolvimento de Aspergillus carbonarius, Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Botrytis cinerea e Glomerella cingulata em uvas. Além disso, a síntese de ocratoxinas por A. carbonarius e A. niger foi inibida nas bagas tratadas com a estratégia de biocontrole. As uvas que receberam o tratamento com Bacillus apresentaram níveis mais elevados de compostos com descrições de odor agradável, como 3-hidroxi-2-butanona, 2,3-butanodiol, 3- metil-1-butanol, 3,4-di-hidro-β-ionona, β-ionona, di-hidroactinidiolida, óxido de linalol e β-terpineol, o que pode ser positivo para a qualidade das uvas. Nos vinhos elaborados com as uvas tratadas com os agentes de biocontrole foi verificada a presença predominante de compostos terpênicos, o que é desejável para a qualidade desta bebida. As estirpes de B. velezensis P1, P7, P11 e P45 provaram ser promissoras para produzir uvas saudáveis e vinhos de qualidade, ao mesmo tempo que esta estratégia biofungicida atende à demanda dos consumidores por produtos de uva livres de resíduos de fungicidas sintéticos. Palavras-chave: Aspergillus, Botrytis, Glomerella, ocratoxina A, Vinho Agência de fomento:Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS, Processo: 19/2551-0001855-0) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Processo: 304886/2022-0). |