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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 198-1

198-1

Caracterização do bacterioma de macrófita endêmica da Amazônia (Isoetes cangae) em diferentes habitats

Autores:
Thainá dos Santos Silva Araújo (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro ) ; Paula Veronesi Marinho Pontes (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro ) ; Deborah Catharine Assis Leite (UFTPR - Universidade Federal Tecnológica do Paraná ) ; Emiliano Nicolas Calderon (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro ) ; Danielle da Silveira dos Santos (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro ) ; José Augusto Bittencourt (ITV - Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável) ; Guilherme Oliveira (ITV - Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável) ; Allysson Buraslan Cavalcante (VALE S.A. - Vale S.A.) ; Rodrigo Lemes Martins (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro ) ; Francisco Assis Esteves (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro ) ; Analy Machado de Oliveira Leite (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro )

Resumo:
O microbioma de plantas aquáticas exerce um importante papel na fisiologia do vegetal, como no processo de fixação de nitrogênio, favorecimento do crescimento vegetal, dentre outros. Isoetes cangae é uma planta aquática, endêmica do lago Amendoim (Serra dos Carajás-PA), lago este oligotrófico, de substrato ácido e alta concentração de metais. Por estar sujeita a classificações em categorias de extinção é de extrema importância caracterizar a sua comunidade bacteriana associada e compreender o seu papel na manutenção da saúde desta planta. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da mudança de ambiente da I. cangae sobre sua comunidade bacteriana associada, em experimentos de transplante. Para tal, os compartimentos planta (rizosfera e raiz), água e sedimento foram coletados em triplicata e em três momentos consecutivos do transplante, com intervalos de tempo distintos: tempo inicial (t0), ainda no habitat natural (lago Amendoim), 30 dias (t1) após aclimatação em tanque de aclimatação e 120 dias (t2) após o estabelecimento no ambiente teste (Barragem Gelado). Para acessar a α e β-diversidade dos compartimentos, o DNA total foi extraído com auxílio do kit DNeasy PowerSoil (Qiagen), quantificado por fluorometria (Qubit 2.0, Invitrogen) e submetido ao sequenciamento do gene que codifica a região V3-V4 do RNAr 16S (Miseq, Illumina). Na análise da α-diversidade, a rizosfera e o sedimento apresentaram maior diversidade (Shannon, p<0,01). Todos os fatores foram relevantes na alteração da estrutura da comunidade, sendo o primeiro os compartimentos, seguidos pelos habitats e tempos. Na análise de ordenação (PCoA), observou-se um padrão de separação entre todos os compartimentos de todos os tempos analisados, sendo as amostras de água mais distantes que as demais (PERMANOVA, p < 0,01). Também foi observado diferença na ß-diversidade nos diferentes habitats (PERMANOVA, p <0,01), mostrando que houve uma influência nas comunidades em função do local de colonização da planta. O filo Proteobacteria foi o mais prevalente em todas as amostras analisadas. Este filo é composto por uma ampla diversidade de microrganismos, que desempenham importantes funções ecológicas nos ciclos do N, C, S e P. Para as amostras de água, a abundância de Proteobacteria variou entre 14%-51%, nas raízes, de 27-32% e rizosfera 27-42%. O filo Acidobacteria foi um dos mais abundantes na água de todos os ambientes, com 47% em t0 e t2. Já para as amostras de sedimento, o filo Actinobacteria foi o predominante, variando de 40-52%. O filo Nitrospirota não foi observado nas amostras de água e apresentou maior abundância no sedimento, seguido por rizosfera e raiz. Os membros mais abundantes encontrados deste filo pertencem à classe Thermodesulfovibrionia não cultivável, desnitrificantes, e ao gênero Nitrospira, nitrificantes. Ao final do experimento, Nitrospira spp. apresentou maior abundância nas amostras de rizosfera na barragem do Gelado em comparação ao Amendoim, indicando um possível recrutamento destes microrganismos pela planta para a sua adaptação no ambiente teste. Esses resultados revelam dados importantes sobre a comunidade bacteriana associada a I. cangae, incluindo microrganismos potencialmente determinantes do sucesso da espécie no ambiente. Isto pode contribuir com o aprimoramento de estratégias de manejo para conservação de I. cangae.

Palavras-chave:
 Microbioma, Planta aquática , I. cangae, Conservação , Serra dos Carajás


Agência de fomento:
Vale S.A.