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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 139-1

139-1

Papel da cápsula codificada pelo cluster wcb de Burkholderia cenocepacia H111 na interação com macrófagos da linhagem RAW 264.7

Autores:
Elisabeth Fermi Maestá Filippi (USP - Universidade de São Paulo) ; Ellen Sayuri Ando Suguimoto (USP - Universidade de São Paulo) ; Welington Luiz de Araújo (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:
O gênero Burkholderia possui a capacidade de colonizar matrizes diversas, como solo, água, interior de plantas e animais, sendo capaz de degradar mais de 100 compostos orgânicos. Esse gênero possui espécies de grande preocupação no ambiente hospitalar e no tratamento de pacientes imunossuprimidos, pois é um contaminante resistente e pode acarretar complicações clínicas como pneumonia. O grupo Bcc (Burkholderia cepacia complex) engloba bactérias do gênero que afetam especialmente pacientes com fibrose cística (CF), gerando infecções pulmonares graves que podem levar à necessidade de transplante pulmonar ou ao óbito. A espécie Burkholderia cenocepacia é parte desse complexo e, quando infecta paciente com CF, pode levar a pneumonia necrosante associada a sepse, quadro denominado síndrome cepacia, geralmente letal. Um dos fatores de virulência comumente associado às bactérias do gênero Burkholderia é a presença de cápsula exopolissacarídica, a qual está associada com a evasão do sistema imunológico dos organismos e formação de biofilme para colonização. Burkholderia cenocepacia, no entanto, não coloniza o pulmão do paciente com CF através da formação de biofilme, mas por meio de infecção de fagócitos como macrófagos e neutrófilos, além de formar pequenas colônias encontradas no muco desses indivíduos. Todavia, outras bactérias do mesmo gênero, como Burkholderia pseudomallei, agente etiológico da melioidose, colonizam o epitélio pulmonar por meio da formação de biofilme, sendo importante essa diferenciação. Os genes que codificam a formação de componentes da cápsula e seu transporte para o exterior da bactéria se encontram no cluster WCB do genoma. Em projetos anteriores do LABMEM (ICB-USP) foram realizadas mutações em Burkholderia cenocepacia H111 de genes deste cluster utilizando-se técnica de mutagênese baseada na endonuclease Scel-I. A cepa selvagem e os mutantes gerados pela aplicação desta técnica foram testados em relação a sua patogenicidade ao modelo animal ,Galleria mellonella, cujo sistema imunológico inato assemelha-se ao de mamíferos. Alguns mutantes com deleções de genes do cluster WCB mostraram-se mais patogênicos às larvas de Galleria mellonella, sugerindo que, diferentemente do que foi proposto anteriormente, a virulência pode estar associada a alterações na estrutura do exopolissacarídeo não apenas pela presença da cápsula per se. Os mutantes testados foram: HM2 (ΔwcbC e proteína hipotética), HM3 (ΔwcbR), HM6 (Δfkbm) e HM11 (ΔwcbA e ΔwcbB), tendo HM2 apresentado maior virulência a G. mellonella e maior internalização em macrófagos. A infecção de macrófagos com Burkholderia cenocepacia H111 e mutantes está sendo realizada a fim de analisar a internalização das bactérias pelos macrófagos Raw 264.7. Também serão avaliadas as substâncias pró-inflamatórias secretadas pelas células após infecção com as cepas bacterianas. Dessa maneira, será possível corroborar a hipótese de que a alteração no padrão de açúcares da cápsula poderia estar atrasando sua lise no interior de fagócitos, além de estar gerando maior fagocitose em razão de provável ausência ou deficiência de estruturas da cápsula, ocasionando inflamação exacerbada e prolongada.

Palavras-chave:
 cápsula, EPS, macrófagos, sobrevivência intracelular


Agência de fomento:
FAPESP