Imprimir Resumo


Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 136-1

136-1

DESCOLORAÇÃO DE CORANTES AZO POR MICRORGANISMOS ISOLADOS DE SOLO

Autores:
Juana de Ramos Silva (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Lídia Simão da Rosa (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Carolina Jardim dos Santos (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Fernanda de Ávila Abreu (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Ana Maria Mazotto de Almeida (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo:
A indústria têxtil é uma das maiores e mais antigas do mundo. Este setor apresenta alto impacto no cenário econômico mundial, apresentando papel significativo no crescimento econômico de países emergentes. O setor de vestuário é o mais representativo neste setor, principalmente com a ascensão do fast fashion, que é um padrão de produção que visa a produção massiva de peças com baixa qualidade a preços acessíveis e constante lançamento de novas tendências. O crescimento populacional, o estabelecimento da moda rápida e o advento do e-commerce contribuíram para o aumento expressivo do consumo de peças e da produção global de fibras têxteis nas últimas décadas, alcançando a marca e 14 kg por pessoa em 2021. Além do alto impacto econômico, a indústria têxtil é caracterizada pelo grande impacto ambiental provocado por suas atividades, principalmente no que diz respeito ao consumo de recursos hídricos e geração de efluentes. Seu efluente é altamente complexo, contendo produtos químicos de natureza distinta, destacando-se os corantes. Devido à fixação incompleta à fibra, de 15 a 30% dos corantes aplicados são liberados no ambiente. Quando descartados sem o devido tratamento, os corantes e seus metabólitos provocam impactos no ecossistema devido ao potencial genotóxico, mutagênico e carcinogênico. Os corantes da classe azo constituem cerca de 70% de todos os corantes utilizados na indústria têxtil. O emprego de microrganismos no tratamento deste resíduo é interessante, já que estes organismos demonstram potencial na degradação de diversos compostos xenobióticos com bom custo-benefício quando comparadas às metodologias físicas e químicas. Neste trabalho, foram isolados 21 microrganismos de microcosmos de solo contaminados artificialmente com corantes e seu potencial de descoloração de 5 corantes da classe azo foi investigado. Para isso, foi realizado pré-inóculo de cada cepa em caldo Luria Bertani (LB) por 2 dias para proliferação celular. Após crescimento, as células foram centrifugadas, suspensas em salina 0,85% e 1 ml da suspensão celular foi transferida para meios de descoloração contendo corante. Para avaliar se as cepas apresentavam potencial na degradação dos corantes, foram realizadas varreduras em espectrofotômetro UV-Vis (400-800 nm) do sobrenadante de cultura ao longo de 7 dias. Com a finalidade de mensurar a descoloração, foi aplicada equação matemática que considera a absorbância no controle (meio de descoloração sem inóculo) e no sobrenadante de cultura. Foi realizada uma pré-seleção, onde foram realizados ensaios de descoloração em meios de cultura contendo o corante laranja de metila em condições estática e sob agitação por todas as 21 cepas isoladas. Destas, 15 cepas apresentaram taxas de descoloração > 70% em condição estática. Esses isolados seguiram para a 2ª bateria de experimentos que consistiu em ensaios de descoloração em outros 4 corantes da classe azo: amarelo ouro, reativo preto intenso, reativo vermelho e reativo violeta. Em condição estática, todas as cepas demonstraram potencial degradador e 3 cepas foram capazes de reduzir em, pelo menos, 80% da cor de todos os corantes com exceção do amarelo ouro, cuja descoloração máxima alcançada foi de 27,8% nesta condição de cultivo. Estes resultados demonstram o potencial de degradação de compostos recalcitrantes por estes microrganismos e apontam que a utilização desses microrganismos é promissora no tratamento deste tipo de efluente.

Palavras-chave:
 descoloração, azo, bactérias, tratamento de efluentes


Agência de fomento:
CAPES, FAPERJ, CNPq