Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 81-2 | ||||
Resumo:Hortaliças e vegetais folhosos são frequentemente consumidos crus e podem ser veículos de disseminação de bactérias, como Proteus mirabilis, um patógeno oportunista responsável principalmente por infecções urinárias, podendo, ainda, ser isolado de hortaliças. Bactérias podem contaminar esses vegetais em várias etapas da cadeia de produção, desde o plantio até o consumo. Uma das principais fontes de contaminação é a fertilização do solo, utilizando fezes de animais. Com isso, cultivos alternativos, como a hidroponia, surgem como uma opção mais segura do ponto de vista microbiológico. A hidroponia não depende do solo e geralmente envolve o monitoramento cuidadoso do líquido nutritivo utilizado, teoricamente reduzindo os riscos de contaminação bacteriana, porém, este nem sempre é o caso, visto que enterobactérias ainda podem ser recuperadas desse tipo de hortaliças e representam um potencial risco à população. Com base nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de sensibilidade de P. mirabilis isolados de hortaliças de cultivo hidropônico à diversas classes de antimicrobianos de uso clínico humano e veterinário. Ao todo, 44 cepas pertencentes à coleção da bacterioteca do Laboratório de Bacteriologia da Universidade Estadual de Londrina (LABAC-UEL) foram submetidas aos testes de Difusão de Disco e de Aproximação de Disco para a construção do perfil e a detecção de possíveis enzimas ß-lactamases de espectro estendido (ESBL), respectivamente. A metodologia seguiu as recomendações preconizadas pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). No total, 19 antimicrobianos foram usados, ampicilina, piperacilina associado com tazobactam, amoxicilina associado com clavulanato, cefalotina, cefoxitina, ceftazidima, ceftriaxona, ceftiofur, cefepime, aztreonam, ertapenem, enrofloxcacino, ciprofloxacino, levofloxacino, ácido nalidíxico, norfloxacino, gentamicina, fosfomicina e sulfametoxazol associado ao trimetoprim. O antibiótico mais eficiente foi a piperacilina associada ao tazobactam, com nenhuma cepa resistente. Em seguida, na ordem crescente de resistência, aztreonam e ertapenem, com 3 cepas resistentes (6,8%), cefoxitina e ceftazidima, com 4 cepas resistentes (9,1%), amoxicilina associada ao clavulanato, ceftiofur e norfloxacino, com 5 cepas resistentes (11,4%), gentamicina e fosfomicina, com 6 cepas resistentes (13,6%), levofloxacino, com 7 isolados resistentes (15,9%), ciprofloxacino, cefepime e sulfametoxazol, com 8 cepas resistentes (18,2%), enrofloxacino e ceftriaxona, com 10 cepas resistentes (22,7%), ampicilina com 11 cepas resistentes (25%), ácido nalidíxico com 14 cepas resistentes (31,8%) e cefalotina com 20 cepas resistentes (45,4%). Quanto à detecção de possíveis ESBLs, 11 cepas (25%) foram positivas para o teste de Aproximação de Disco. Os resultados mostram que P. mirabilis isolados de hortaliças, mesmo hidropônicas, não devem ser ignorados, já que resistências foram observadas, e estas podem ser disseminadas juntamente com a bactéria através de transferência horizontal de genes, uma vez que genes associados às resistências constatadas são frequentemente encontrados em plasmídeos. Destaca-se também que houve cepas resistentes à antibióticos de última linha contra infecções urinárias, como fosfomicinas, carbapenêmicos e monobactâmicos. Palavras-chave: ESBL, Hidroponia, Enterobactérias Agência de fomento:CNPq |