Resumo

Introdução. A criptococose é uma micose de natureza sistêmica de porta de entrada inalatória causada pelos fungos Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. O crescente interesse em epidemiologia e biologia moleculares destas espécies chama a atenção para novos procedimentos capazes de extrair DNA de boa qualidade, a partir de isolados clínicos e ambientais. A extração de ácidos nucléicos dessas leveduras patogênicas é normalmente dificultada por uma cápsula espessa e resistente que representa 70% do volume celular total. Objetivos. Avaliar a concentração e razão de pureza do DNA de Cryptococcus spp. obtido por diferentes métodos de extração. Especificamente pretendeu-se: a) avaliar qual melhor protocolo de lise para a cápsula fúngica e; b) determinar qual o procedimento com melhor capacidade de recuperar DNA com pureza adequada. Metodologia. O agente patogênico (Cryptococcus neoformans FMT949) foi selecionado da coleção de fungos da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas e cultivado em caldo Sabouraud por 18 horas. Dois protocolos para lise da levedura foram empregados. São eles: a) Células Jovens de Meio Líquido e Lyticase e; b) Células Jovens de Meio Líquido e Tampão de Uréia (8 M). Após o rompimento celular, cada um dos experimentos passou por dois tipos distintos de recuperação de DNA: o sistema de extração DNeasy Blood e Tissue Kit (QIAGEN Group - DU - Beckman Instruments, Inc.), e extração por Fenol-Clorofórmio, em seguida foram quantificados. Os testes foram feitos em duplicata e quando necessário em triplicata. Resultados. O protocolo que obteve melhor resultado quanto à ruptura da cápsula foi o que fez associação de células jovens com tampão de uréia, tendo uma média de recuperação de DNA de 22.91 ng/uL, todavia sua razão de pureza (Abs₂₆₀/Abs₂₈₀) foi menor (1.56) quando comparada ao outro protocolo de lise testado. Quanto à qualidade do DNA extraído, o procedimento que fez uso de leveduras jovens, Lyticase e extração pelo Kit da QIAGEN apresentou-se com maior razão de pureza (1.80). Estes protocolos podem ser estendidos para todas as espécies de leveduras, em especial para aquelas difíceis de lidar pela presença da cápsula.