II Simpósio Internacional de Microbiologia Clínica
Resumo:MH-030


Poster (Painel)
MH-030CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE AMOSTRAS DE Neisseria gonorrhoeae RESISTENTES À CIPROFLOXACINA ISOLADAS NO BRASIL
Autores:Aline Almeida Uehara (IMPPG - Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, UFRJ) ; Marcia Giambiagi de Marval (IMPPG - Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, UFRJ) ; Ivano Raffaele Victorio de Filippis Capasso (INCQS - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) ; Maysa Beatriz Mandetta Clementino (INCQS - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) ; Efigênia Amorim (LABORATÓRIO SÉRGIO F - Laboratório Sérgio Franco) ; Fátima Ferreira (LABORATÓRIO SÉRGIO F - Laboratório Sérgio Franco) ; Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (IMPPG - Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, UFRJ)

Resumo

A emergência de resistência aos antimicrobianos, inclusive às quinolonas, em Neisseria gonorrhoeae, tem implicação direta na terapêutica das infecções e é um grave problema de saúde pública em todo o mundo. A resistência às quinolonas (N. gonorrhoeae resistentes às quinolonas, NGRQ) é devido à mutações nos genes gyrA e parC, que codificam a produção da DNA girase e DNA topoisomerase I. Estudos sobre este microrganismo no Brasil são escassos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a susceptibilidade aos antimicrobianos de amostras de N. gonorrhoeae isoladas de pacientes na cidade do Rio de Janeiro por métodos fenotípicos e moleculares. Cento e quatro amostras (94 de secreção uretral masculina, 8 de secreção vaginal, 1 de secreção anal e 1 de conjuntivite) foram identificadas por métodos convencionais. O antibiograma foi realizado para penicilina (Pen), tetraciclina (Tet), ciprofloxacina (Cip) e ceftriaxona (Cef) pelos métodos de diluição em ágar (exceto Cef) e disco difusão. Todas as amostras foram sensíveis à Cef. Resistência plena foi observada para Pen em 18(17,3%) amostras sendo que cinco b-lactamase+, apresentaram o plasmídio tipo África. Para Tet, 43(41,3%) amostras foram resistentes, sendo que entre aquelas com CMI=16µg/ml (NGRPT), 24(92,3%) tinham o determinante tetM do tipo Dutch e duas (7,7%) do tipo American. Em relação à Cip, 20(19,2%) das amostras foram resistentes (CMI > 4µg/ml) e 9 (8,7%) apresentaram R.I. As mutações nos genes gyrA e parC foram analisadas por seqüenciamento que revelou a predominância de um padrão de mutação dupla nos códons 91(Ser-91-Phe) e 95 (Asp-95- Gly) em gyrA e única no códon 87 (Ser-87- Arg) em parC em 19 (65,5%) NGRQ. Essas amostras exibiram resistência à níveis elevados de Cip (8≤CMI≥32 µg/ml). Porém, 3 NGRQ tiveram mutações diferentes em parC: Glu 91-Lys; Ala92-Gly (CMI=6 µg/ml), Ser87-Arg; Asp86-Asn (CMI= 32µg/ml) e Ala92-Gly (CMI=16 µg/ml). Além disso, 3 amostras apresentaram um padrão diferente de mutação no códon 95(Asp-95-Ala) sendo que uma amostra com CMI=3µg/ml teve 2 mutações nos códons 87 (Ser-87-Asn) e 91 (Glu-91- Gln) em parC. Sendo a Cip o antibiótico de escolha preconizado pelo Ministério da Saúde, esses resultados ressaltam a importância de um monitoramento da susceptibilidade aos antimicrobianos dos gonococos de forma a orientar a terapêutica das gonococcias no Brasil.


Palavras-chave:  Neisseria gonorrhoeae, Resistência, ciprofloxacina