Nosso estudo relata um caso de zigomycose cutânea unifocal em um paciente transplantado renal de um hospital terciário na cidade de Porto Alegre R.S.

Um homem de 65 anos, transplantado renal, em uso de imunossupressor e corticóide, foi admitido no hospital com uma lesão nodular no local do cateter. O aspirado da secreção apresentou resultado negativo para pesquisa de fungos e bactérias, incluindo micobactérias. A biópsia da lesão, no exame a fresco e na coloração de Gromori-Comott, observou-se hifas largas hialinas cenocíticas, com ramificações laterais curtas e ângulo de 90°. No cultivo em ágar sabourand foram observadas colônias algodonosas, de crescimento rápido, primeiramente brancas e depois acinzentadas. Através do exame microscópico da cultura, o isolado foi identificado como pertencente ao gênero Rhyzopus. Por meio de sequenciamento de DNA, o fungo foi identificado como Rhyzopus oryzae.

Estes organismos são amplamente distribuídos no ambiente e têm sido reportados em hospitais. Embora ubiquitários, zigomicetos raramente causam doença na falta de fatores de risco específicos como: diabete, neoplasia hematológica, uso de corticóide, neutropenia, falência renal e desnutrição. Em pacientes TOS, zigomicose ocorre em dois a cada mil, sendo a maioria deles transplantados renais. Infecções cutâneas primárias por zigomicose resultam de contaminação do ponto de inoculação do cateter ou intervenção cirúrgica. Esta doença pode disseminar-se via hematogênica conduzindo o paciente a um mau prognóstico.

Zigomicose cutânea primária em pacientes TOS pode representar o primeiro estágio de uma progressão da doença. Por isso, um rápido e correto diagnóstico oportuniza ao paciente uma terapia antifúngica precoce, prevenindo a disseminação da doença.