Introdução: Streptococcus pneumoniae constitui um dos mais importantes patógenos bacterianos do trato respiratório, podendo causar infecções como pneumonia e  meningite. A maioria das crianças são colonizadas durante os primeiros 2 anos de vida, o que representa um importante reservatório para a transmissão deste patógeno na população. Apenas uma pequena proporção das crianças colonizadas desenvolve uma infecção invasiva, mas os pneumococos isolados da nasofaringe representam as amostras circulantes na comunidade. A implantação de vacinas conjugadas multivalentes é uma alternativa eficaz que já foi comprovada em outros países, embora tenha sido observado um aumento da prevalência de sorotipos não-vacinais no período pós-vacina. O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de sorotipos de S. pneumoniae presentes na nasofaringe de crianças < 5 anos de idade antes da implantação da vacina pneumocócica 10-valente no Brasil. Materiais e Métodos: Este estudo foi realizado em janeiro de 2008 em uma comunidade da cidade de Salvador, BA. As amostras foram coletadas em swab e  transportadas em meio Amies com carvão; foram semeadas em meio de ágar sangue acrescido de 5% de sangue de carneiro desfibrinado e gentamicina (5µg/mL). As colônias isoladas foram submetidas aos testes de identificação (optoquina e bile solubilidade) e a sorotipagem capsular através de multiplex-PCR. Resultados: Para o estudo foram selecionadas 203 crianças com idade inferior a 5 anos. Dessas crianças, 103/203 (50,7%) foram do sexo masculino e 100/203 (49,3%) do sexo feminino, sendo a faixa etária mais prevalente entre 2 e 3 anos de idade 83/203 (40,8%). Das crianças incluídas, 101/203 (49,7%) estavam colonizadas por S. pneumoniae, sendo o sorogrupo mais prevalente o 6 (36%; 36/101), onde destes 8/36 (22%) foram sorotipo 6C. Entre os sorotipos presentes incluídos na vacina decavalente foram identificados 19F (4,9%), 23F (3,0%), 14 (2,0%) e 9V (1,0%). Dentre os sorotipos não presentes ou relacionados com os sorotipos da vacina decavalente os mais prevalentes foram o 16F (6,0%) e o 19A (4,0%). Conclusão: Como a distribuição de sorotipos está relacionada à área geográfica e temporalidade, o contínuo monitoramento da frequência de sorotipos de S. pneumoniae na população é necessária para a avaliação do impacto e adequação das vacinas multivalentes.