Resumo

Introdução: Estafilococos são bactérias que agem como comensais e como patógenos em relação a humanos e animais. Entre as muitas patologias bacterianas em veterinária, otite é a doença mais comum nas orelhas de cães. As otites caninas se desenvolvem devido fatores predisponentes e a ação de fungos e bactérias, dentre as quais os estafilococos sobressaem. Este tipo de infecção normalmente apresenta uma alta taxa de resistência aos tratamentos com antimicrobianos. Desde os primeiros relatos de cepas de estafilococos produzirem biofilme, esta capacidade é citada como um importante fator de virulência. Objetivos: Este estudo tem como objetivo determinar a capacidade de cepas de estafilococos isoladas de amostras clínicas de cães com diagnóstico de otite em produzir biofilme. Materiais e Métodos: A identificação dos isolados clínicos em cepas de estafilococos foi previamente realizada pelo Gram e por suas características morfológicas e bioquímicas. A caracterização fenotípica da produção de biofilme foi realizada pelo método do agar vermelho Congo (AVC). Cepas com colônias de coloração preta e quase preta foram consideradas produtoras de biofilme e amostras com colônias de cor vermelha a bordô foram classificadas como não-produtoras de biofilme. Quatro cepas foram escolhidas para que suas imagens fossem capturadas por microscopia eletrônica de varredura - duas cepas controle e duas cepas clíncas, uma positiva e outra negativa pelo teste do AVC.  Resultados: 54 cepas de estafilococos foram isoladas e identificadas entre as amostras clínicas: 9 de cães com otite média e 45 com otite externa. A classificação da produção de biofilme pelo AVC mostrou que 16 cepas são produtoras de biofilme e 38 são não-produtoras. As imagens de  microscopia  eletrônica de varredura confirmaram os resultados do teste do AVC.   Conclusão: A capacidade da produção de biofilme entre as cepas isoladas apesar de presente é de apenas 30%, que, isoladamente, não explica a grande resistêcia dos casos de otite aos antibióticos.