Resumo

Introdução: Os micoplasmas são responsáveis por doenças nos animais, nas plantas e no homem, notadamente doenças sexualmente transmissíveis. Duas espécies são mais conhecidas nas infecções do trato urogenital: Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. M. genitalium é outro molicute detectado em homens com uretrite não gonocócica. M. fermentans foi isolado de células mononucleares do sangue periférico e da urina de pacientes com AIDS. M. penetrans foi também isolado da urina de pacientes com AIDS. Sua alta soroprevalência nestes pacientes, juntamente com suas propriedades de ativador do sistema imune e de estimulador da expressão de genes do HIV LTR-dependentes, colocam-no como o melhor candidato à eventual cofator do HIV no desenvolvimento da AIDS. Objetivos: avaliar a relação da infecção por diferentes espécies de micoplasmas que podem acometer o homem, e o estado de imunodepressão nos indivíduos infectados pelo HIV. Material e métodos: foram coletadas amostras de primeiro jato de urina de homens e mulheres infectados pelo HIV, atendidos no Hospital Dia do sistema público de saúde de Blumenau, SC, após consentimento livre informado. As amostras foram utilizadas para a cultura e também para a pesquisa das diferentes espécies de molicutes por PCR. Os resultados foram correlacionados com os dados de carga viral e contagem de células CD4 e CD8. Resultados e Conclusão: Foram coletadas amostras de 25 pacientes, e após incubação nos meios de cultura apropriados, uma (01) teve resultado positivo para M. hominis, e uma (01) apresentou crescimento em meio SP4, sugerindo M. penetrans, M. fermentans ou M. genitalium. Após extração do DNA, foi realizada a pesquisa de micoplasmas por PCR nestas amostras. Destas, uma (01) foi positiva para M. penetrans, e uma (01) foi positiva para M. hominis, sendo estas as mesmas amostras com resultado positivo por cultura. Foi possível identificar uma correlação significativa entre valores mais baixos de células CD4 nos pacientes infectados por micoplasmas, em comparação com pacientes em cujas amostras não foi possível detectar estes microrganismos. A médio prazo, estes pacientes continuarão a ser acompanhados, para avaliar se o indivíduos infectados por micoplasmas apresentam uma maior velocidade de deterioração do seu sistema imune, em comparação aos indivíduos não infectados, ao longo do tempo. A comprovação final desta relação da presença dos micoplasmas com o desenvolvimento da AIDS pode abrir novas perspectivas para a compreensão desta complexa relação parasita-hospedeiro, bem como trazer melhorias imediatas no manejo do paciente infectado pelo HIV. Apoio: FAPESC, PIBIC CNPq.