II Simpósio Internacional de Microbiologia Clínica
Resumo:MH-010


Poster (Painel)
MH-010Caracterização de amostras de Streptococcus pneumoniae resistentes à optoquina isoladas de pacientes e portadores.
Autores:Tatiana de Castro Abreu Pinto (UFRJ - Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Goes) ; Aline Rosa Vianna de Souza (UFRJ - Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Goes) ; Sandrine Ester da Cruz Monteiro de Pina (UFRJ - Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Goes) ; Armando Alves Borges Neto (UFRJ - Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Goes) ; Fabíola Cristina de Oliveira Kegele (FIOCRUZ - Instituto Fernandes Figueira) ; Felipe Piedade Gonçalves Neves (UFF - Instituto Biomédico) ; Lúcia Martins Teixeira (UFRJ - Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Goes)

Resumo

Streptococcus pneumoniae é um importante agente de infecções invasivas em seres humanos, que demanda rapidez e precisão no diagnóstico. O teste de sensibilidade à optoquina é uma prova fenotípica chave utilizada para tal. Entretanto, nas últimas duas décadas, o isolamento de amostras resistentes a esta droga têm sido esporadicamente relatado em diferentes países, o que pode levar a uma interpretação incorreta e, conseqüentemente, a um diagnóstico falho. Neste trabalho, foram analisadas 8 amostras de S. pneumoniae resistentes à optoquina (Sp R-Opt) isoladas no Brasil entre os anos 2000 e 2009 quanto ao perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos, ao perfil de fragmentação cromossômica pela técnica de PFGE e ao perfil alélico de 18 VNTRs pela técnica de MLVA. Todas as amostras tiveram sua identificação confirmada com testes fenotípicos (solubilidade em presença de bile e detecção do polissacarídeo capsular) e genotípicos (detecção dos genes ply, lytA e psaA, que codificam fatores de virulência da espécie). As amostras não apresentaram relação epidemiológica ou genética entre si, tendo sido isoladas tanto de casos clínicos como de portadores, pertencendo a diferentes sorotipos e apresentando perfis de PFGE e MLVA distintos. Cinco das 8 amostras estudadas derivaram de populações mistas, que eram compostas por subpopulações sensíveis e subpopulações resistentes à optoquina. Nos 5 casos, ambas as subpopulações apresentaram sorotipos, perfis de susceptibilidade a antimicrobianos, assim como perfis de PFGE e de MLVA idênticos. As outras 3 amostras compreenderam populações uniformemente resistentes à optoquina. Após sequenciamento do gene atpC (que codifica a subunidade c da enzima ATPase,  que é o alvo da optoquina) foi verificada a ocorrência de mutações pontuais (trocas de bases) que podem estar associadas ao fenótipo de resistência à optoquina. Os dados evidenciam que o surgimento de amostras de Sp R-Opt deve ocorrer de forma aleatória, o que foi corroborado pela ausência de relação clonal entre as amostras analisadas. Portanto, deve ser enfatizada a necessidade de utilização de testes adicionais que, aliados ao tradicional teste de susceptibilidade a optoquina, permitam a detecção dessas variantes atípicas, evitando erros no diagnóstico dessa espécie bacteriana tão importante na medicina humana, e prevenindo também a aplicação de tratamentos inadequados.


Palavras-chave:  Optoquina, Resistência, Streptococcus pneumoniae