II Simpósio Internacional de Microbiologia Clínica
Resumo:MH-033


Poster (Painel)
MH-033SURTO DE INFECÇÃO POR ENTEROBACTÉRIAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES KPC-2 EM HOSPITAL BRASILEIRO
Autores:Mónica Pavez (FCF - USP - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP) ; Micheli Medeiros (FCF - USP - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP) ; Wanessa Clemente (HC-UFMG - Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais) ; Francelli Neves (HC-UFMG - Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais) ; Nilton Lincopan (ICB-II - Instituto de Ciências Biomédicas II - USP)

Resumo

Introdução: A disseminação de enterobactérias produtoras de KPC-2 em hospitais brasileiros, tornou-se um problema grave de saúde pública. KPC é uma serina-carbapenemase que confere resistência a antibióticos carbapenêmicos e cefalosporinas, o que limita as opções de tratamento. Objetivos: Descrever aspectos clínicos, microbiológicos e epidemiológicos de um surto de infecção produzido por enterobactérias produtoras de KPC-2 em um hospital brasileiro. Material e Métodos: Entre 2008/2010, 24 enterobactérias resistentes ao ertapenem (23 K.pneumoniae e 1 E. coli) foram isolados de 23 pacientes. Determinou-se o perfil de sensibilidade aos antibióticos e a detecção de carbapenemases pelo teste de Hodge modificado (MHT), e inibição enzimática usando ácido fenil borônico (APB) e EDTA. A CIM foi determinada através do método de diluição em ágar e a presença do gene blaKPC-2 foi caracterizada por PCR e sequenciamento. A transferência horizontal do gene foi estudada através da transformação utilizando E. coli DH10B e a tipagem molecular foi realizada através do PFGE. Resultados: As 24 cepas apresentaram um perfil de multirresistência, sendo que 23 isolados apresentaram um resultado positivo no MHT. A CIM50 do imipenem (IMP) e ertapenem (ERT) foi 32 e 64 µg/mL, respectivamente. Um aumento no halo de inibição nos discos de IMP e ceftazidima foi observado na presença de APB e em todas as amostras foi confirmada a presença do gene blaKPC-2. A tipagem por PFGE revelou a presença de 10 clones de K. pneumoniae. Dos 23 pacientes estudados, 5 evoluíram para óbito e 3 foram colonizados. Pacientes com prognósticos favoráveis foram tratados com polimixina (n=5), polimixina + meropenem (n=3), polimixina + ciprofloxacina (n=2), meropenem (n=2), ertapenem (n=1), cefepime (n=1), ceftriaxona (n=1), cefotaxima (n=1). Conclusão: O surto de infecção foi produzido por diferentes clones de K. pneumoniae carregando o gene blaKPC-2, o que denota a importância da transferência horizontal de genes governada pela presença de plasmídeos. De fato um paciente foi co-infetado por K. pneumoniae e E. coli carregando o gene blaKPC-2 inferindo na transferência, in vivo, deste determinante de resistência. A expressão da enzima KPC-2 foi associada com um elevado índice de mortalidade (22%) e colonização (13%). O uso de esquemas terapêuticos utilizando polimixina esteve associado com um prognóstico favorável.


Palavras-chave:  carbapenemase, KPC-2, Klebsiella pneumoniae, infecção hospitalar, teste Hodge modificado