Introdução: Detectar e quantificar o HIV-1 em sítios subgengivais pode gerar uma nova perspectiva diagnóstica e de monitoramento clínico de pacientes soropositivos para o HIV. Dessa maneira, o presente estudo piloto investigou a possibilidade de detectar e quantificar o HIV-1 no biofilme subgengival e sua relação com a carga viral (CV) plasmática em pacientes infectados pelo HIV.
Materiais e Métodos: Seis pacientes infectados pelo HIV-1, submetidos ou não à terapia antiretroviral combinada potente (TARV), foram selecionados entre indivíduos em acompanhamento no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF – UFRJ). As amostras de biofilme subgengival foram coletadas de sítios com doença periodontal e saudáveis. Os sítios classificados com doença periodontal apresentavam profundidade de bolsa à sondagem (PBS) ≥ 4mm e concomitante sangramento à sondagem. Os sítios saudáveis apresentavam PBS ≤ 3mm e ausência de sangramento à sondagem. A detecção e quantificação do HIV-1 no biofilme subgengival foi realizada pela técnica do PCR em tempo real.
Discussão dos resultados: A idade dos pacientes variou entre 22 e 43 anos. Quatro eram homens e 3 fumavam de 1 a 10 cigarros/dia. Os níveis de linfócitos TCD4+ e TCD8+ estavam entre 11 a 1133 células/mm3 e 740 a 2260 células/mm3, respectivamente, com dois pacientes apresentando imunodeficiência avançada sem, contudo, demonstrarem os maiores níveis de CV subgengival (variação entre 5 a 200 cópias/ml). A CV plasmática variou de indetectável a 16.553 cópias/ml. Zidovudina, lamivudina e tenofovir foram os antiretrovirais mais utilizados, porém 2 pacientes não faziam uso de TARV, sendo os únicos a apresentarem CV subgengival indetectável. Curiosamente, não foi possível observar relação com os níveis do HIV-1 plasmático, pois um destes 2 pacientes era portador do maior nível de CV plasmática. Além disso, o vírus foi identificado mesmo naqueles pacientes com CV plasmática indetectável. Somente em 4 pacientes foi identificado o HIV-1 no biofilme subgengival e os maiores níveis do HIV-1 não tinham relação com os sítios com maior PBS e sangramento à sondagem.
Conclusão: O presente estudo piloto demonstrou que é possível detectar e quantificar o HIV-1 no biofilme subgengival de pacientes infectados pelo HIV sem, porém, apresentar relação com a CV plasmática.
PALAVRAS CHAVES: HIV, periodontite, PCR