Resumo

O gênero Candida sp. é responsável por cerca de 80% das infecções fúngicas no ambiente hospitalar e constitui causa relevante de infecções de corrente sanguínea. A mortalidade geral das candidemias é da ordem de 40 a 60%, tornando esta complicação infecciosa um grande desafio para os clínicos e para o controle das infecções hospitalares. Além disso, o paciente acometido requer períodos de internação mais prolongados e drogas antifúngicas para combater a infecção, o que normalmente eleva os custos do tratamento. Dentre os fatores de risco associados citam-se a utilização de antibióticos de largo espectro por tempo prolongado, utilização de drogas citotóxicas e procedimentos invasivos como: catéter, sondas vesicais, nutrição parenteral e outros procedimentos necessários para a manutenção da vida e/ou tratamento desses pacientes. Estudos relatam que o uso prévio de antibiótico é o mais frequente fator de risco relacionado com os casos de candidemia, pois altas doses podem diminuir o crescimento bacteriano e, consequentemente, favorecer e propiciar o aparecimento de fungos, como as leveduras do gênero Candida sp. O presente estudo teve como objetivo verificar o uso prévio de antibióticos e determinar quais foram os mais administrados em pacientes pediátricos com candidemia. Foram observados os prontuários dos pacientes pediátricos internados no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados, na cidade de Dourados/MS, no período de setembro de 2007 a setembro de 2009. Os dados coletados através dos prontuários foram sexo, idade, exames de hemocultura e uso prévio de antibióticos. Obtiveram-se 13 casos de candidemias entre os pacientes pediátricos internados no hospital terciário. A idade variou de 20 dias a 7 anos de idade. Foi observado que 100% das crianças receberam administração de pelo menos 2 antibióticos, dentre eles o mais usado foi a vancomicina em 77% dos pacientes. Este estudo mostrou que todos os pacientes com candidemia tiveram um tratamento prévio com antibióticos e que a vancomicina foi a droga mais administrada. Estudos demonstram que este antibiótico pode ser considerado um fator de risco para a ocorrência de fungemias causadas por Candida sp, pois o seu espectro de ação é limitado a bactérias Gram-positivas que, consequentemente, pode ocasionar o surgimento de infecções por bacilos Gram-negativos e leveduras do gênero Candida.