Resumo

O meio ambiente hospitalar guarda íntima relação com as infecções hospitalares, podendo proporcionar focos de contato e de transmissão. Candida parapsilosis apresenta-se como um importante patógeno hospitalar tendo como principal acometimento o sanguíneo, relacionado predominantemente a via de transmissão exógena. Como a higiene representa uma das formas de controlar a contaminação ambiental, o objetivo deste estudo foi conhecer e correlacionar a microbiota ambiental e clínica; descrever a rota de contaminação por métodos de tipagem molecular (RAPD e PFGE) e conhecer o fenótipo de suscetibilidade antimicrobiana por microdiluição, segundo documento NCCLS (M27A2). De pacientes internados, candidemia comprovada por hemocultura (Becton Dickinson BACTEC 9240) e por métodos clássicos de identificação, assim como referencial para coleta de respectivos leitos de dois Hospitais do interior de São Paulo, Brasil. A colheita dos espécimes foi efetuada em quatro quadrantes (antes e após a limpeza terminal), com auxílio de swab umedecido em solução salina, na face do colchão com o qual o paciente teve maior contato. Nesse sentido, 9 isolados clínicos, obtidos de diferentes pacientes, classificados como C. parapsilosis, foram analisados e comparados com 11 isolados ambientais, distribuídos tanto antes (8) como após (3) a limpeza terminal dos leitos hospitalares. Isolados clonais foram detectados em 45% dos casos (relação obtida entre hemocultura e amostra coletada antes da limpeza do leito), identidade genética e fenotípica aos azólicos (cetoconazol, fluconazol e itraconazol), assim como à anfotericina B. Estes dados são consistentes com a dinâmica de transferência intra hospitalar de agentes infecciosos, ora estabelecidos por procedimentos diretos ou indiretos, comprovando a necessidade urgente de programas de vigilância sanitária para monitorar possíveis rotas de infecção, bem como conhecer o perfil de sensibilidade a antifúngicos para estratégias terapêuticas futuras.