Resumo

A resistência bacteriana é um problema atual e mundialmente importante, sendo o aumento da resistência aos antimicrobianos por microrganismos Gram-negativos um tema crescente em nosso meio. A Klebsiella pneumoniae é um destes Gram-negativos que vem adquirindo resistência gradual a cefalosporinas de espectro ampliado, ocasionando, assim, maior uso de betalactâmicos mais potentes, como os carbapênemicos. A utilização destes antimicrobianos pode exercer pressão seletiva sobre a microbiota nosocomial, produzindo um aumento dos níveis de resistência a estes agentes, proporcionando limitadas opções terapêuticas. Uma série de mecanismos de resistência pode reduzir a eficácia dos carbapenêmicos, especialmente a produção de β-lactamases que hidrolisam carbapenêmicos (carbapenemases), como por exemplo, as pertencentes à classe molecular A do grupo funcional 2f de Bush-Jacoby-Medeiros, ou serina-β-lactamases. Uma enzima pertencente a este grupo de crescente importância em enterobactérias é a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC). A enzima KPC confere resistência a todos os agentes ß-lactâmicos, monobactâmicos e os carbapenêmicos. Neste estudo foram analisadas 33 amostras de Klebsiella pneumoniae com sensibilidade reduzida aos carbapenêmicos. As amostras foram provenientes de diversos sítios infecciosos de pacientes internados em um hospital de médio porte de Porto Alegre-RS. Para detecção de carbapenemases utilizou-se a técnica do teste modificado de Hodge, preconizado pelo CLSI. Detectou-se a presença de isolados clínicos de K. pneumoniae produtores de carbapenemase em 10 amostras (30,3%). O encontro destes microrganismos pode ser realizado através de testes fenotípicos adicionais para detecção da produção de carbapenemases com o intuito de auxiliar a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), relatando a presença desta enzima e que o uso de carbapenêmicos deve ser desencorajado.