Resumo

A campilobacteriose tem sido reconhecida como uma importante doença transmitida por alimentos, sendo que as espécies Campylobacter jejuni e C. coli são as mais comuns isoladas de gastroenterites em humanos. Estas espécies produzem subunidades da toxina citoletal distensiva (CDT), um importante fator de virulência, que causa distensão e morte celular levando à diarreia, e sua atividade é codificada pelo complexo de genes cdt (cdtA, cdtB e cdtC). O presente estudo objetivou isolar e identificar estirpes de C. jejuni e C. coli a partir de 194 amostras de frangos de corte provenientes de abatedouros, hipermercados e feiras livres do estado de São Paulo; e pela técnica da Multiplex-PCR detectar a presença dos genes cdt nas estirpes isoladas. Onze porcento (21/194) das amostras de frango foram positivas para Campylobacter spp., e identificadas 22 estirpes de C. jejuni (11 originárias de frangos de abatedouros, sete de hipermercados e quatro de feiras livres); e duas estirpes de C. coli (originárias de frangos de feiras livres), sendo isoladas mais de uma estirpe por amostra. Em 14/22 (63,6%) estirpes de C. jejuni foram detectados os três genes cdtA, cdtB e cdtC; em 2/22 (9,1%) a presença isolada do gene cdtB e em 2/22 (9,1%) do gene cdtC. Em 14/22 (63,6%) das estirpes de C. jejuni não foi observado o complexo de genes cdt. Em 2/2 (100%) das estirpes de C. coli foram detectados os três genes. Os genes cdt estavam presentes em 83,3% (20/24) das estirpes de C. jejuni e C. coli isoladas, porém como são necessários os três genes para a atividade funcional da toxina, 66,7% (16/24) das estirpes apresentam o potencial de virulência da toxina CDT, visto que possuem os três genes simultaneamente. Desta forma, pode-se verificar que estirpes virulentas de C. jejuni e C. coli, portadoras dos genes da toxina CDT, estão presentes nos frangos de corte ao longo da cadeia de produção e distribuição.