Área: Patogenicidade Microbiana ( Divisão D ) ANÁLISE DE VIRULÊNCIA E DIVERSIDADE GENÉTICA DE CEPAS DE ESCHERICHIA COLI PRODUTORA DE TOXINA SHIGA ISOLADAS DE ÁGUA DO SISTEMA PÚBLICO DE ABASTECIMENTO
Kathelin Melo E Silva Lascowski (UNIFESP); Jacinta Sanchez Pelayo (UEL); Beatriz Ernestina Cabilio Guth (UNIFESP)
ResumoA qualidade da água destinada ao consumo humano é preocupação constante para saúde pública. Surtos causados por Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC) relacionados ao consumo de água contaminada tem sido descrita em diferentes países, porém estes dados são escassos ou inexistentes no Brasil. Cepas STEC foram identificadas e isoladas de diferentes amostras de água tratada e in natura de cidades diferentes da região norte do Paraná. O objetivo desse estudo foi avaliar a virulência, diversidade genética e o perfil de resistência a antimicrobianos destas cepas STEC isoladas de água para consumo humano. As doze cepas STEC foram sorotipadas, submetidas a PCR para detecção de seus genótipos stx e de marcadores de virulência relacionados a adesinas (eae, saa, iha, lpfO113) e outras toxinas (ehxA, subAB, cdt-V e astA). A susceptibilidade a antimicrobianos foi determinada por ensaios de disco difusão, a determinação do grupo filogenético por PCR e a análise da diversidade genética foi avaliada por PFGE. Os genótipos stx1stx2 e stx2 ocorreram em 42% das cepas. Todas as cepas albergavam saa e ehxA, mas nenhuma foi positiva para eae e astA. Os genes lpfO113, iha, subAB e cdt-V ocorreram em 75%, 42%, 25% e 8% das cepas, respectivamente. Apenas uma cepa foi identificada como O141:H8 e as demais apresentaram-se rugosas ou foram não tipáveis. Embora uma diversidade de antígenos H tenha sido identificada; os antígenos H19, H18 e H2 prevaleceram entre as cepas. Todas as cepas foram resistentes a estreptomicina e 25% apresentaram-se multiresistentes. A análise filogenética mostrou que 84% das STEC pertenciam aos grupos mais virulentos (B2 e D), sendo o restante de origem comensal (grupo A). Sete perfis distintos de PFGE foram identificados, e algumas cepas STEC isoladas de uma mesma cidade ou de cidades diferentes apresentaram grande similaridade ou foram indistinguíveis, o que sugere a presença de alguns clones nesta região. Além disso, os resultados obtidos demonstram o potencial de virulência das STEC identificadas em água para consumo humano do norte do Paraná, salientando a importância da água como um veículo de transmissão de infecções ao homem também em nosso meio.
Palavras-chave: água, clones, marcadores de virulência, resistência antimicrobiana, STEC |