CANDIDEMIA NOSOCOMIAL: EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO DO CEARÁ

Maria Rozzelê Ferreira Angelo Ferreira Angelo (HGF); Maria do Carmo Vidal Gadelha Lima Vidal Gadelha Lima (LACEN-CE); Maria do Carmo Alves Maciel Alves Maciel (LACEN-CE); Maria da Conceição dos Santos Oliveira Cunha dos Santos Oliveira Cunha (UFC); Francisco Afrânio Cunha Cunha (UFC); Everardo Albuquerque Menezes Albuquerque Menezes (UFC)

A frequência de infecções hematogênicas por leveduras do gênero Candida tem aumentado consideravelmente, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva. Espécies de Candida, têm emergido como importantes patógenos, estando associadas a quase 80% de todas as infecções fúngicas nosocomiais, representando a maior causa de fungemia. Candidemia é a quarta causa mais comum de infecção na corrente sangüínea em hospitais terciários, e sua ocorrência tem sido associada a altas taxas de mortalidade. O aumento na prevalência de candidemias envolve vários fatores de risco. O objetivo desse estudo é avaliar a epidemiologia e os fatores de risco que estão envolvidos no desenvolvimento das candidemias na UTI de um Hospital Terciário do Ceará. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional caso controle, foram analisadas as histórias clínicas de dois grupos de pacientes, com e sem candidemia, internados na UTI do Hospital Geral de Fortaleza no período de dezembro de 2007 a janeiro de 2009 foram analisados os seguintes fatores: idade, sexo, uso de antibióticos, corticorteróides, quimioterápicos e hemoderivados, cirurgias, a presença de cateteres, ventilação mecânica, alimentação parenteral, hemodiálise, neutropenia e colonização. Resultados e discussão: Entre os pacientes estudados 40 apresentaram candidemia, distribuídas da seguinte forma: C. parapsilosis 50% (20/40), C. tropicalis 40% (16/40), C. albicans 10% (4/40). Em relação à idade os pacientes com idade >60 anos a candidemia foi mais prevalente. O sexo masculino foi o mais frequente 55%. Os fatores de risco classicamente descritos para a candidemia (uso de cateter venoso central, sonda vesical, ventilação mecânica, tratamento com antibióticos, corticoides quimioterápicos, hemoderivados) foram semelhantes em ambos os grupos. Dentre os fatores de risco a neutropenia ( p=0,049) e a colonização prévia (p <0,001) foram os que apresentaram resultados significativos. Este resultado mostra que vários processos patológicos, fisiológicos ou traumáticos podem facilitar a colonização e posterior infecção do hospedeiro por Candida spp. Dentre estes, os mais comuns são imunossupressão por várias causas, uma delas a neutropenia. A maioria dos casos de candidemia é adquirida por via endógena, pela translocação de Candida através do trato gastrintestinal^. Entretanto, infecções hematogênicas por Candida spp também podem ser adquiridas por via saúde exógena, através do contato das mãos de profissionais A predominância de C. parapsilosis é considerado agente de infecções exógenas por ser capaz de colonizar a pele, principalmente as mãos de profissionais da saúde. Conclusão: No referido hospital a neutropenia e a colonização são importantes fatores predisponentes de candidemia.