Retorno do Ebola é associado a sobrevivente com o vírus dormente

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Ebola: pesquisadores suspeitam que, após a fase aguda da doença, o vírus possa se replicar mais lentamente, sem ser detectado pelos exames de sangue

Crédito foto: Dreamstime

Segundo pesquisadores, infecções subclínicas persistentes têm o potencial de reiniciar a transmissão pessoa a pessoa

Um pequeno surto de casos de Ebola, em junho de 2015, num vilarejo da Libéria, indica que o retorno da transmissão da doença se deveu a um indivíduo com uma infecção persistente – um sobrevivente em quem a infecção já não está aguda – e não a uma reintrodução do micro-organismo, vindo de algum país vizinho ou de algum reservatório não humano do vírus.

A conclusão, de cientistas do Centers for Disease Control and Prevention, nos Estados Unidos, e do Ministério da Saúde da Libéria, é de que esse país africano e outras nações fronteiriças precisam se manter em estado de alerta para, possivelmente, conter novos focos de Ebola. Embora a transmissão do vírus dormente seja relativamente rara, infecções subclínicas persistentes têm ocorrido em alguns sobreviventes do sexo masculino, com o potencial de reiniciar a transmissão pessoa-a-pessoa.

Um cenário assim pode ter ocorrido em junho de 2015, quando, após vários meses sem novos casos, a trégua do Ebola na Libéria foi interrompida por um surto de sete casos na cidade de Needowein. Nenhuma fonte sintomática foi identificada. Em busca de pistas que explicassem o reaparecimento da doença, os pesquisadores isolaram e sequenciaram o genoma viral extraído diretamente de pacientes infectados e acharam uma surpreendente similaridade genética com outras sequências da África Ocidental, indicando que o novo surto era, na realidade, uma continuação da epidemia de Ebola que se abateu sobre aquela região em 2013. Em outras palavras, o novo surto não era causado por uma nova disseminação do micro-organismo nem vindo de um hospedeiro não-humano.

Análises genéticas mais detalhadas revelaram ainda a semelhança entre o genoma viral dos casos de Needowein e o material sequenciado em 2014 em pacientes de uma comunidade vizinha, chamada de Fazenda Barclay. O resultado sugere que o mais recente surto de Ebola está provavelmente associado a uma infecção subclínica, que permitiu a transmissão do vírus de sobreviventes da Fazenda Barclay a moradores de Needowein. Os autores suspeitam que, mesmo muito tempo após a fase aguda e sintomática da doença, o vírus possa se replicar mais lentamente, sem ser detectado pelos exames de sangue.

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