Descobertos protistas intestinais que protegem hospedeiros de doenças

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T. mu no cólon intestinal: microorganismo ativa o inflamassoma nas células epiteliais intestinais, acionando as citocinas

Crédito foto: Divulgação / Chudnovskiy Merad

Camundongos que tinham o protozoário Tritrichomonas musculis (T. Mu) em seu microbioma intestinal tinham maior resistência às infecções por salmonela

Um protista recém-identificado é capaz de proteger seu hospedeiro de infecções bacterianas intestinais, revelaram cientistas da Icahn School of Medicine at Mount Sinai em um estudo publicado em outubro na revista Cell.

Os pesquisadores fizeram a descoberta ao observar que camundongos nascidos no próprio laboratório tinham um número maior de células imunológicas intestinais do que aqueles comprados de vendedores externos. Ao realizar uma lavagem intestinal nos dois grupos, o estudante Aleksey Chudnovskiy, primeiro autor do estudo, e o pós-doutorando Arthur Mortha, detectaram protozoários flagelados vivendo no intestino dos animais nascidos no laboratório. O sequenciamento genético mostrou que o microorganismo era um novo parasita protozoário, batizado por eles de Tritrichomonas musculis (T. mu).

Investigação adicional apontou que quando esse protista era dado aos ratos do outro grupo, aqueles também passavam a apresentar um aumento no número de células imunológicas intestinais e nas citocinas inflamatórias. Isso acontece porque T. mu ativa o inflamassoma nas células epiteliais intestinais, o que, por sua vez, leva à ativação das citocinas.

Para determinar se a colonização do intestino pelo micro-organismo afetava a capacidade dos ratos de combater infecções, os pesquisadores infectaram as cobaias com Salmonella e descobriram que aqueles que tinham T. mu como parte de seu microbioma eram bastante resistentes. “O efeito protetor dessa espécie é impressionante”, disse Chudnovskiy.

Segundo os autores, o micro-organismo recém-descoberto é bastante semelhante à Dientamoeba fragilis, um parasita encontrado no intestino de muitos humanos. Para Miriam Merad, professora de Ciências Oncológicas e Medicina na Icahn School of Medicine at Mount Sinai e autora sênior da pesquisa, isso poderia explicar por que as populações locais de alguns países emergentes são mais resistentes a infecções intestinais do que visitantes vindos de nações industrializadas. “É possível que os protistas, sabidamente mais frequentes nos países em desenvolvimento, contribuam para o efeito protetor contra essas infecções intestinais patogênicas”, diz. Segundo ela, o achado pode ajudar na busca por terapias inovadoras, baseadas na identificação dos micro-organismos que conferem uma melhora imunológica a comunidades expostas a determinados tipos de infecção.