Resumo

A presença da adesina S, codificada pelo operon sfa é considerada um importante fator de virulência presente em amostras de E. coli isoladas de pacientes com meningite e infecções urinárias. Alguns estudos demonstram a presença do gene sfa em amostras de E. coli em aves com colisepticemia. A importância da fímbria S na patogenia da colibacilose aviária ainda não foi definida e investiga-se a possibilidade das aves funcionarem como reservatórios de amostras potencialmente patogênicas para o homem. Diversos trabalhos relatam o potencial zoonótico de cepas de APEC descrevendo uma estreita ligação filogenética, variação clonal, de padrões de fatores de virulência e sorogrupos entre APEC e UPEC. Várias técnicas moleculares têm sido descritas como ferramentas de avaliação da variabilidade clonal de ExPEC (Escherichia coli patogênica extra-intestinal). O objetivo deste estudo foi comparar amostras de E. coli sfa+, sorogrupo O6, isoladas de aves com colisepticemia e de humanos com infecção do trato urinário, através de análise clonal pelo Polimorfismo do Comprimento de Fragmentos Amplificados – AFLP. Foram selecionadas 30 cepas de origem humana e 30 de origem aviária, todas pertencentes ao sorogrupo O6 e positivas para a fímbria S. As amostras foram submetidas à análise por AFLP, utilizando-se a endonuclease de restrição HindIII. Foram determinados 24 genótipos diferentes e nenhum destes perfis genotípicos agrupou simultaneamente amostras UPEC e APEC. A técnica de AFLP apontou diferenças entre os dois grupos, com baixa similaridade entre isolados APEC e UPEC. Entre os isolados de UPEC observou-se grande variabilidade genética, enquanto as cepas de APEC apresentaram uma elevada similaridade, sugerindo a expansão clonal de amostras isoladas em diversos estados brasileiros. Os resultados demonstram a eficácia da técnica de AFLP como ferramenta para a discriminação entre as amostras de origem humana e aviária.